domingo, 15 de março de 2009

OLGA METTIG

HISTÓRIAS DE VIDA


Vida pessoal

Nascida em Cachoeira, no dia 06 de maio de 1914, foi casada com Gustavo Ernest Mettig (falecido em 1961), sempre dedicou boa parte de sua energia para sua vida profissional, sem nunca deixar de lado a educação das duas filhas. Foi avó de seis netos e bisavó três vezes. Com suas próprias palavras, em entrevista ao Jornal A Tarde, Caderno Mulher, (1991), declarou:

Como mulher, desempenhei o papel que a natureza me confiou, sendo mãe e
educadora no próprio lar. Três anos depois de formada casei-me e por felicidade
tive duas filhas: Olguinha e Carmem Maria. Eram crianças carinhosas, sadias e
tornaram nossa vida mais feliz. Perdi cedo meu esposo, mas conduzi minhas filhas
com muito amor e carinho aliados a uma educação integral. Ambas cursaram
faculdade e me ajudaram muito no Colégio e na Faculdade de Educação. Estão
casadas e já me deram 4 netos.
Dou grande valor ao lar.

Sem sustentar bandeiras ideológicas e feministas, e serena em suas colocações, entendia que as mulheres, imbuídas na luta pela emancipação social, não devem jamais se esquecer de um dom natural: a feminilidade. (Revista Panorama, 1987).

Ela viveu uma vida dedicada à informação e à formação. Presenciou momentos históricos importantes e, ora consciente ora intuitivamente, soube aproveitá-los para acelerar transformações que julgava necessárias ao crescimento da Educação no País. “Cada amigo, cada aluno, cada professor, cada funcionário que leva seu nome em sua formação, carrega consigo um pouco do seu legado”. (Marcelo Rocha – Diretor Geral das Faculdades Integradas Olga Mettig, em depoimento à revista Memória de Olga Pereira Mettig, 2004).

Início da carreira

A educadora contava que descobriu sua vocação aos 8 anos. “Segui carreira de professora por vocação. Aos sete anos resolvi ser mestra e não houve obstáculos que me fizessem desistir de meu propósito”. (Jornal Bahia Bella, 1967). Quando terminou o primário, ingressou no primário, fundado pelo professor Anísio Teixeira.

Em 1933 veio para Salvador e realizou, oficialmente, seu sonho com a diplomação em professora primária pela Escola Normal da Bahia. “Quando me diplomei, comecei a lecionar, fazendo concurso para o magistério público. Fui logo designada para dirigir uma escola estadual, depois outra, e mais tarde, submeti-me a concurso para inspetora de ensino.” (Jornal Bahia Bella, 1967).

Seu primeiro trabalho foi no colégio Luiz Tarquínio, em seguida foi para a escola do bairro Largo do Tanque, mas não ficou muito tempo nesses lugares. Logo depois, fez concurso para o estado e foi aprovada, nomeada e mandada para a Escola Joana Angélica. Naquela época, Dr. Isaías Alves, ao assumir a Secretaria de Educação do Estado da Bahia, investiu em mudanças no contexto educacional local, que só contratava para diretora escolar pessoas mais velhas, convidando profª Olga Mettig para
assumir o cargo de diretora do segundo turno daquela unidade escolar.

Profª Olga sempre teve vontade de organizar uma escola a qual pudesse emprestar sua própria orientação e, assim, depois de concluir o curso de licenciatura em Pedagogia pela Faculdade de Filosofia da Bahia, fundou no ano de 1948 a escola Nossa Senhora do Carmo, que funcionou no bairro da Mouraria em Salvador. No início era a única professora da escola e suas filhas as únicas alunas. Depois, foram chegando outras crianças, outras professoras e, em 1951 fundou o ginásio Nossa Senhora do Carmo, em 1955 o curso Normal e a Faculdade de Educação da Bahia. “Auxiliada por Deus, a quem devo sempre inspiração e graças, com a colaboração de professores, pessoal técnico e administrativo, tenho conseguido realizar um proveitoso trabalho”. (Jornal Bahia Bella, 1967).

O seu colégio inicialmente funcionou com o curso regular, mas com o passar do tempo, foi sendo percebida a necessidade de montar o magistério, como graduação de 2º grau, pois era comum o interesse das moças pelo curso normal. “Nossa estrutura foi ganhando notoriedade, pois tínhamos os melhores professores e um currículo bastante rico que, de certa forma, ocupava o lugar da faculdade que as mulheres geralmente não faziam” (Jornal Bahia Bella, 1967).

Para ampliar os conhecimentos das suas alunas, tiveram a idéia de criar os estudos adicionais. Estes consistiam numa espécie de série avançada que permitiam que, ao ingressar na faculdade, a aluna 1838 tivesse redução no tempo do curso do 3º grau. Os estudos adicionais eram um sucesso naquele tempo. Quanto ao trabalho costumava afirmar:

Posso afirmar, no entanto, que tudo isso foi conquistado com muita persistência, compreensão, dedicação e amor. Tudo na vida que se faz com dedicação floresce. E, no setor educacional, mais ainda, é preciso semear-se o amor em todo o seu trabalho. Já dizia Pestalozzi, precursor da educação moderna, que ensinar não é o princípio essencial da educação: esse princípio é o amor; ele é o ponto central de toda a educação. Com amor e dedicação, tenho conduzido alunos e deles conseguido, estudo, disciplina, amizade e uma participação integral no trabalho e vida escolar. Observo que eles se sentem felizes no colégio, onde encontram além das aulas, atividades outras que, ajudando a formação de suas personalidades, lhes proporcionam alegria e felicidade. (Jornal Bahia Bella, maio de 1967).

Assim como a criação do Colégio Nossa Senhora do Carmo foi fruto da inquietação da professora, que inconformada com os padrões da época começou a elaborar sua própria metodologia educacional, essa mesma inquietação a levaria a escrever, ao lado da professora Lígia Lordello de Magalhães, livros didáticos amplamente adotados na Bahia e em outros estados brasileiros entre 1950 e 1985. Ao todo, seus mais de 30 livros de geografia, gramática e história do Brasil, entre muitos outros temas, ultrapassaram a marca de duas mil edições, número que, mesmo para padrões atuais, é considerado um grande sucesso editorial.

A verdade, segundo o Jornal Bahia Bella (maio 2004), é que dificilmente algum professor baiano de gerações mais antigas que não tenha estudado em um de seus livros, o que, por sua vez, indica, direta ou indiretamente, que todo educador baiano foi aluno da professora Olga.

Em 1964 ela conseguiu construir um prédio de cinco andares para o funcionamento dos cursos primário, ginasial e Normal. Em 1967 esse mesmo prédio passaria a abrigar a Faculdade de Educação da Bahia, a primeira Faculdade de Educação do Norte/Nordeste e a segunda do Brasil.

Era o primeiro passo para a criação em Salvador das Faculdades Integradas Olga Mettig, instituição que abriga hoje a Faculdade de Administração e a de Turismo. Essa última, pioneira no ensino do turismo em todo o estado, vem dando uma contribuição decisiva para o profissionalismo e mudança de paradigmas na área de turismo brasileiro nas últimas décadas, sendo apontada por diversos especialistas e publicações nacionais como uma das melhores do país.

Fundou também o Centro de Estudos de Pós-graduação Olga Mettig, especializado em cursos de extensão e pós-graduação ligados a diversas áreas. Em mais uma atitude pioneira, criou a Faculdade Livre da Terceira Idade, uma de suas paixões, com o objetivo de estender o período de aprendizado para um público até então pouco respeitado e assistido pela educação nacional.

Quanto ao papel da escola, professora Olga afirmava (Jornal Bahia Bella, 1967):

A escola deve acompanhar de perto os acontecimentos atuais a fim de que possam
dialogar com os jovens, esclarecê-los e melhor orientá-los para o caminho do bem
e da verdade. Se a escola atual deixar de ser puramente informativa e procurar
dar aos seus educandos uma formação lógica, criarlhes uma capacidade de
reflexão, julgamento e espírito crítico, estará contribuindo para que a
juventude se beneficie dos valores reais que a vida moderna lhe oferece.


OLGA METTIG: TRAJETÓRIA FORMATIVA

Educação ensinada a Olga

A educação da década de 1950 acompanhou o percurso sociocultural originado no início do século XX: uma sociedade patriarcal e androcêntrica que atribuía às mulheres a responsabilidade pela educação moral dos filhos, bem como colocava em suas mãos o futuro da nação, a ideologia do progresso e a responsabilidade pela perpetuação da fé cristã.

Ser professora era uma das únicas profissões aceitas pela sociedade do século XIX e início do seguinte. Na sala de aula, a voz da mulher começou a ser ouvida e multiplicada. A função de ensinar a tornava respeitada, a fazia prosperar e, em alguns casos obter poder político.

A concepção, as formas e os discursos sobre a educação das mulheres na sociedade foram múltiplas e semelhantes, visto que, a educação familiar de responsabilidade das mães se confundia com a educação escolar de responsabilidade das professoras normalistas. Mas, em que medida esse contexto sociocultural pode nos auxiliar nas pesquisas sobre formação docente?

A concepção de prática docente, de interação professor-aluno, não se forma a partir do momento em que o docente entra em contato com as teorias pedagógicas, mas, sobretudo, que a prática docente encontra-se “enraizada em contextos e histórias individuais que antecedem, até mesmo, a entrada deles na escola, estendendo-se a partir daí por todo o percurso de vida escolar e profissional”. (CATANI, 1997, p. 34).

O papel da mulher na educação baiana só começaria a mudar decisivamente, a partir do início do século XX com o crescente desinteresse dos homens pela função, devido principalmente aos baixos salários.

Alguns aspectos chamam atenção na vida da professora Olga, um deles diz respeito ao fato dela ter subvertido as regras sociais de sua época e, ainda na primeira metade do século XX, ter iniciado uma carreira profissional respeitada e profícua.

Formação docente

Ela definia sua profissão como um sacerdócio, “O magistério é um encargo adequado para quem pode vivê-lo como um sacerdócio”, declaração dada numa entrevista concedida ao jornal A Tarde em 03 de março de 2002.

Olga afirmava que tinha algumas fontes que alimentavam sua formação, a exemplo de Rousseau, Platão, Jean Piaget, George Gusdorf, Santo Agostinho, Descartes, Anísio Teixeira e Pierre Furter. Em uma entrevista afirma que: “Minha vida não se pauta numa linha filosófica específica. Há sim uma ordenação de sistemas que fazem parte das vivências adquiridas através dos estudos e realidades práticas. É a filosofia de procurar o bem para o bem viver”. (SILVA, 1987, p. 9).

Preocupada com os rumos da educação no país, a educadora afirma ser o ensino e a aprendizagem os únicos mecanismos capazes de ampliar a consciência do homem e proporcionar o crescimento necessário pra impulsionar a civilização.
Em depoimento ao Jornal A Tarde (1987, p. 9), afirmou:

Tenho muita fé na educação. Quero cada vez mais fazer crescer essa virtude.
Comungo com o pensamento de Pierre Furter quando diz: “O homem por ser
inacabado, tende à perfeição”. A educação é portanto, um processo contínuo que
só acaba com a morte. Atribuo essa fé aos princípios que sempre nortearam meu
trabalho: amor e ideal.

Professora Olga foi membro da Diretoria do Sindicato de Estabelecimentos de Ensino da Bahia entre 1959/1961 e 1961/1969, Membro da comissão de planejamento da Jornada de Diretores de estabelecimentos de Ensino Médio – Inspetora Seccional da Bahia - e participou de três congressos de Estabelecimentos de Ensino – Rio de Janeiro (1960), São Paulo (1962) e Paraná (1966); tem artigos especializados em educação publicados na Revista “Cultura” da Faculdade de Filosofia da UFBA; foi professora de psicologia e didática da Escola Normal Nossa Senhora do Carmo; e recebeu o título de
mestra emérita da Faculdade de Educação da Bahia e membro titular da Academia Baiana de Educação.

Empreendedorismo

A característica empreendedora da sua personalidade é demonstrada já em 1949 quando hipotecou sua casa para reformá-la e, assim, ampliar a escola que passou a funcionar em sua residência um ano antes.

Nessa época já dividia seu tempo entre o cargo de inspetora de ensino, aulas na sua escola, o curso de bacharel em pedagogia e a educação de suas duas filhas.

A experiência da sala de aula a levou a perceber, ao lado da professora Ligia, a carência de um material didático compatível com sua metodologia de ensino. A professora Olga foi autora de uma conhecida e renomada coleção de livros didáticos, destinados aos alunos do Ensino Fundamental – antigo Curso primário – da 1ª a 5ª série. Eles apresentaram os conteúdos programáticos das disciplinas: português, matemática, geografia, história do Brasil e ciências naturais, escritos em parceria com a profª Lígia Lordello de Magalhães e publicados pela Editora do Brasil.

Estes livros tornaram-se referência para a facilitação do processo ensino-aprendizagem nas escolas de 1º grau, dando-lhe uma feição renovada durante as décadas de 50 a 80, não somente em Salvador como em todo o Estado da Bahia. De forma pioneira introduziram, através de uma linguagem didática e acessível a crianças, adolescentes e adultos em busca de escolarização, uma maneira dinâmica e moderna de explicar os conteúdos a serem estudados, estabelecendo uma interação aluno x professor e fazendo-os vivenciar, com prazer, a realidade e a propriedade dos assuntos focalizados e dos conhecimentos adquiridos. Conseguiram, com essa nova metodologia, tirar os tabus do alunado, frustrado em relação às dificuldades apresentadas em determinadas disciplinas, os antigos compêndios, apesar de instrutivos, não conseguiam despertar-lhe o interesse devido à linguagem impessoal, abstrata e de difícil compreensão.

Os famosos livros da Profª Olga, de incontestável valor didático e informativo, tiveram grande aceitação nas escolas públicas e privadas, concorrendo com publicações congêneres e primaram sempre pela excelente qualidade das suas lições, ricas em criatividade e originalidade de apresentação, procurando desenvolver habilidades e competências inerentes às propostas pedagógicas vigentes na época.

Entre 1950 e 1985 o nome da professora estava impresso nos livros didáticos adotados em quase todas as escolas de Salvador e do interior do estado. “Em 1948 os alunos reclamavam das letras miúdas da gramática de Gaspar de Freitas, a mais utilizada então. Resolvemos, por isso, descomplicar aquela gramática fazendo uma nova” (Jornal da Bahia, 1967), lembra Mettig, usando o plural para se referir à co-autora dos livros, Maria Lígia Lordello de Magalhães, companheira de trabalho nas FaMettig. De início, dois mil exemplares da gramática foram vendidos apenas entre os alunos do colégio Nossa Senhora do Carmo. Não demorou a que outras escolas requisitassem.

Em entrevista concedida em maio de 1967, ao Jornal da Bahia, a professora afirmava:

Alguns dos nossos livros didáticos são conhecidos e aplicados em todos os
estados do Brasil, outros, apenas no Rio, São Paulo e Norte do país. No momento
estamos procurando reformulá-los, esperando apenas o término da reforma do
programa oficial do ensino primário de nosso estado.

Os números impressionam, em 20 anos, elas venderam mais de 1 milhão de exemplares e publicaram 360 edições de 32 livros. “Fomos líderes do mercado de publicações nessa época”, conta professora Maria Lígia, endossada por depoimentos de pessoas que viveram naquele tempo. “Até hoje, nos perguntam sobre as nossas obras”, orgulha-se.

No que tange ao ensino adotado no primário, professora Olga declarou que adotava o “Sistema Morrison”, que divide o programa em unidades didáticas. Ele abrange cinco fases distintas, só se completando o todo de uma unidade após todas as fases serem percorridas: exploração – apresentação – assimilação – organização e recitação. Além de adotarmos o sistema descrito, nas diversas séries do curso primário, este ano estamos realizando uma experiência nos 3º, 4º e 5º anos onde o professor, especializado em cada disciplina do currículo primário, propicia aos alunos todos os recursos para orientá-los e ajudá-los a vencer as próprias dificuldades, fortalecendo sua progressiva compreensão em cada disciplina.

Quanto ao método de ensino adotado nos livros, professora Olga declarou que:

Quando preparamos nossos livros, tivemos o cuidado de escrever os seus textos
com clareza, precisão à altura da compreensão do aluno, usando o método
expositivo. O ensino ministrado no Colégio Nossa Senhora do Carmo, que
dirigimos, é baseado no método psicogenético, o mais aceito nas escolas modernas
e de grandes vantagens para a aprendizagem e formação do educando. Com este
método o aluno educa-se sob a orientação do mestre, respeitando este a sua
maneira de ser. É um método bastante individualizado, onde o aluno é o agente e
o professor o orientador. No método psicogenético o interesse despertado pelo
assunto na classe poderá prolongar-se fora da sala de aula, levando o aluno a
investigação e a reflexão (Jornal da Bahia, 1967).

Os livros deixaram de ser publicados em 1985, 18 anos depois de a professora fundar, em 1967, a primeira Faculdade de Educação da Bahia - FEBA, e um ano após a criação da também pioneira Faculdade de Turismo da Bahia - FACTUR. “Paramos porque o trabalho na faculdade nos absorvia muito e percebemos que vinham surgindo outras boas publicações” (Jornal Correio da Bahia, 1998).

Buscando confirmar a dedicação e desprendimento com que professora Olga conduziu suas obras, trazemos aqui um breve relato da mesma acerca da Faculdade da Terceira Idade, afinal ela queria uma faculdade onde não se falasse em doença, em velhice, em tristeza, ela queria um curso com conhecimento, sobretudo, com alegria, música e coisas mais aprazíveis. Um curso para alimentar a alma:

... ela foi criada por amor e carinho, em nome daquelas minha colegas que trabalharam a vida inteira, se aposentavam e ficavam dentro de casa, muitas vezes caindo em depressão. Não me pergunte como me chagam as idéias... eu estava meditando, quando me veio a vontade de fazer uma escola para as minhas colegas aposentadas, que são inteligentes e que querem continuar a produzir. (Jornal A Tarde, 1991)


CONSIDERAÇÕES FINAIS

De todas as qualidades, destaca-se o senso de justiça, que inspirava confiança, somando coragem aos que trabalhavam pela missão do Centro de Estudos de Pós-graduação. Seus rituais de viver a academia definiam um cumprimento delicado, respeitabilidade a dor alheia e trato digno aos funcionários. Imitála tornou-se quase impossível, pois que a essência Olga Mettig constituiu-se na estética e ética do convívio, no olhar receptivo e solidário.

Reconstruir na memória cenas de coragem de Olga ao empreender novas pesquisas, dizer do percurso desta protagonista é idealizar um ator que nunca sai de cena, aplaudido por uma platéia que o torna imortal.

Foi uma dedicação de mais de seis décadas que deixou marcos como as Faculdades Olga Mettig, iniciadas a partir da Faculdade de Educação da Bahia.

Professora Olga faleceu no dia 22 de abril de 2004, 14 dias antes de completar 90 anos, com a certeza de que realizou muitos dos sonhos que idealizou. Mas não todos, simplesmente porque nunca parava de trabalhar e pensar no crescimento da educação no país.

Segundo depoimento de Beto Mettig, neto da professora: “Aos 89 anos ainda freqüentava seu gabinete nas Faculdades Integradas Olga Mettig, atendendo alunos, professores e funcionários” (Revista Memória de Olga Pereira Mettig, 2005). Resolvia problemas, planejava cursos e instigava a todos por melhorias, sem esquecer que a qualidade de ensino deve vir em primeiro lugar. Com ela, um simples diálogo era a chance para se aprender, para ela nunca era tarde para ensinar.

Além de homenagens, como ter o nome na praça em um bairro em Salvador, a professora recebeu o título de Mulher do Ano, concedido pelo Woman Internacional Club, a Medalha Maria Quitéria, oferecida pela Câmara Municipal de Salvador, o diploma Abílio César Borges, oferecido pela Secretaria Estadual de Educação, e o título de Educadora do Ano.

Objeto de muitas homenagens ao longo de sua vida acadêmica, a professora Olga nunca se acomodou. Aos 88 anos liderou uma equipe de suas faculdades no curso de Gestão e Marketing do Centro de Tecnologia do Comportamento, para melhorar a qualidade do atendimento aos alunos de sua Instituição.

Foram dos sonhos, desejos e desafios longamente acalentados que nasceram todos os projetos e construções da professora Olga. Sua atitude empreendedora encontrou nos sonhos uma importante fonte de informações para perceber a realidade de outra maneira. Essa possibilidade organizou seus pensamentos e idéias, orientando-a na escolha de alternativas e tomadas de decisões.

A professora Olga sempre dizia: “Consciente estou dos problemas com que se defronta toda pessoa que se dispõe a tratar de uma organização escolar, mas, como ideal não se apaga mediante as dificuldades, corajosamente enfrento-as” (Revista Memória de Olga Pereira Mettig, 2005). Ela compreendeu a educação como um sistema, uma extensão, um produto de evolução da sociedade e que devemos adaptá-la ao meio, isto é, aos problemas básicos do país e às coisas exteriores à escola, pois são elas as forças que determinam o caráter da educação.


Falar da vida de professora Olga Mettig sem destacar seu aspecto empreendedor é impossível, visto que todas essas obras surgiram em uma sociedade patriarcal, em que as mulheres eram educadas para o lar e sequer completavam os estudos.

Ao falar de resultados como esses, considerando o interesse de professora Olga em primar pela educação por meio de ensino, pesquisa e extensão, formando pessoas com visão crítica, capazes de agregar valor e se realizarem pessoal e profissionalmente, sustentadas por princípios éticos, democráticos e de cidadania, buscamos traduzir a importância dessa professora ao cenário educacional baiano.


Liane Cristina Figueiredo Soares
Universidade do Estado da Bahia

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