domingo, 1 de março de 2009

ESCOLA PARQUE

Em 21 de setembro de 1950 foi inaugurado parcialmente o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, hoje 58 anos de resistência física, 108 anos do nascimento de Anísio Teixeira.

Trechos do discurso proferido Por Dr. Anísio Teixeira na inauguração do CENTRO

´´Sr. Governador, este e o começo de um esforço pela recuperação, entre nos, da escola publica primaria. Três pavilhões, três grupos escolares vão ser hoje inaugurados por Vsa. Exa., partes integrantes de um Centro Popular de Educação, a que houve por bem Vsa. Exa. De designar Centro Educacional Carneiro Ribeiro, em homenagem ao grande educador baiano.

A construção destes grupos obedece a um plano de educação para a cidade da Bahia, em que se visa restaurar a escola primaria cuja a estrutura e cujos objetivos se ponderam nas idas e vindas de nossa evolução nacional.

Quando digo isto, senhor governador, não estou a aduzir um julgamento, mas a trazer um testemunho. Há vinte e cinco anos atrás era eu o diretor de instrução do Estado em governo que, como o de hoje, parecia inaugurar uma era de reconstrução para a Bahia. As escolas primarias passaram então, por um surto de renovação e de incremento integral, com os cursos em dois turnos, e o programa, para a época, tão rico quanto possível.

Já se podia apreciar o começo, entretanto, de uma deterioração que se veio agravar enormemente nos vinte e cinco anos decorridos ate hoje. Foi com efeito, nessa época que começou a lavar, como idéia aceitável, o principio de que se não tínhamos recursos para dar a todos a educação primaria essencial, deveríamos simplifica-la ate o máximo, ate a pura e simples alfabetização e generaliza-la ao maior número. A idéia tinha a sedução de todas as simplificações. Em meio como o nosso produziu verdadeiro arrebatamento. São Paulo deu inicio ao que se chamou de democratização do ensino primário. Resistiram a idéia muitos educadores. Resistiu a Bahia antes de 30. Resistiu o Rio, ainda depois da revolução.

Mas a simplificação teve forca para congestionar as escola primarias com os turnos sucessivos de alunos, reduzindo a educação primaria não só nos três anos escolares de Washington Luis, mas aos três anos de meio dias, ou seja ano e meio e ate, na grande S. Paulo, aos três anos de vida escolar. Ao lado dessa simplificação na quantidade, seguiram-se, como não podia deixar de ser, todas as demais simplificações de qualidade [...] Uma palavra ainda sobre a organização do que estamos a chamar de Centro de Educação Popular, organização em que apoiamos nossa confiança em seu êxito.
Recordo-me que a construção deste Centro resultou de uma ordem de V. Exa., certa vez em que se examinava o problema da chamada infância abandonada. Tive, então, oportunidade de ponderar que, entre nos, quase toda a infância, com exceção de filhos de famílias abastadas, podia ser considerada abandonada. Pois, com efeito, se tinham pais não tinham lares em que pudessem ser educados e se, aparentemente, tinham escolas, na realidade não as tinham, pois as mesmas haviam passado a simples casas em que as crianças eram recebidas por sessões de poucas horas, para um ensino deficiente e improvisado.
[...] Fixada, assim, a população escolar a ser atendida em cada Centro, localizamos quatro pavilhões, como este, para as escolas que chamamos de Escolas – Classe, isto e, escolas de ensino de letras e ciências, e um conjunto de edifícios centrais que designamos de Escola –Parque, onde se distribuíram as outras funções do centro, isto e, as atividades sociais e artísticas, as atividades de trabalho e as atividades de educação física. A escola- classe aqui esta: e um conjunto de 12 salas de aula, planejadas para o funcionamento melhor que for possível do ensino de letras e ciências, com dependências para administração e áreas de estar. E uma escola parcial e para funcionar em turnos. Mas vira integra-la a Escola –Parque. A criança fará um turno na Escola-Classe e um segundo turno na Escola- Parque.
[...] O problema da educação e, por excelência, o problema de ordem e paz no pais. Daí as linhas aparentemente exageradas em que o estamos planejando.``

Em 1961 o centro já estava quase todo concluído, as três Escolas- Classe (desde 1950) e, a Escola –Parque com os pavilhões de trabalho, socializante, educação física, jogos e recreação, biblioteca, teatro ao ar livre, administração e mais tarde o artístico com os três andares e um auditório para 500 pessoas.

Em 1964 o Centro foi concluído com o termino da Escola Classe 4, faltavam apenas as residências para os alunos considerados carentes, sem lares ou oriundos de famílias desajustadas.

As Escolas – Classe foram bem construídas e recebiam cerca de 1200 alunos cada uma, localizadas ate 1,5 km da Escola Parque. Os bairros onde estão as Escolas – Classe são: Caixa-Dagua – Escola Classe 4; Pau Miúdo – Escola Classe 3; IAPI – Escola Classe 2; Pero Vaz, Liberdade – Escola Classe 1.

A Escola Parque situada a rua Saldanha Marinho, 134 – Caixa D´Agua ocupa uma área livre de 42.292 m2 de área construída, onde estão os pavilhões com arquitetura típica e avançada para a época, em arcos permitindo a aeração e iluminação naturais. O Setor de Trabalho impressiona com os seus 4.500 m2 e abriga os painéis dos artistas plásticos Mario Cravo Junior., Carybe, s afrescos de Jenner Augusto e Carlos Magano e óleo sobre madeira de Maria Célia Calmon, obras de grande proporção em edifícios públicos, constituindo um dos maiores conjuntos em dimensões na América Latina.O projeto de autoria do Prof. Diógenes Rebouças, eng. Francisco Theodoro Pereira das Neves e do escritório do Dr. Helio de Queiroz Duarte.

Completam ainda a Escola Parque a cantina com 1.200m2, toda equipada com panelas industriais, trituradores, dentre outros. Os setores medico-odontológico, supervisão e orientação educacional na área onde situa-se o setor Administrativo.

Nas Escolas Classe o ensino era diversificado, com trabalho em equipe, estudo dirigido exercitando a capacidade de liderança, dentre outras. Todo o trabalho era orientado e os programas eram os centros de interesse, que estimulavam a aprendizagem, a curiosidade e a criatividade de criança.

Na alfabetização aplicava-se o processo fônico de Iracema Meireles- Casinha Feliz – e o método de contos de Maria Yvone de Araújo – Meninos Travessos.

A maturidade e a coordenação motora eram avaliadas através dos testes de Lourenço Filho –ABC e Kem ou estandartizado de Zazo, no ingresso ao Centro, aos 7 anos.




Zélia Bastos
Centro Educacional
CARNEIRO RIBEIRO

Um comentário:

  1. olá meu nome é ,Marcella e gostei muito de saber sobre a vida de um dos fundadores do colégio em que estudei♥♥♥ameii

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