sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

CARTA DE LOBATO PARA ANISIO TEIXEIRA

São Paulo, 23.9.937

Anísio


Bravos! Veio o telegrama anunciando a rumorosa e cirúrgica entrada no mundo de Ana, e muito nos alegrou saber que dona emilinha resistiu a tragédia. Cesárea, devia chamar-se a pequena.
Meu próximo livro, O poço do visconde, será dedicado a você. Em outubro próximo estará ai.
Pedro Ernesto já esta na rua. Tudo se restabelece neste curioso país. Vá você se preparando para retomar a tarefa interrompida.
Mil recomendações nossas a dona Emilinha e um grande abraço do



Monteiro Lobato

Conversa entre amigos
Correspondência escolhida entre Anísio Teixeira e Monteiro
Por: Aurélio Viana e Priscila Fraiz

PROGRAMA AJA BAHIA

Apresentação do Programa Estadual de Alfabetização de Jovens e Adultos

1995-1998

E inadiável o compromisso da Secretaria da Educação com a eliminação do analfabetismo no Estado da Bahia, que esta a exigir a concretização de iniciativas que referendem projetos emancipatorios para a promoção de melhores condições de vida da sua população.

Avanços tecnológicos colocam a Bahia em estagio similar a outros estados brasileiros que passam por uma industrialização acelerada, internacionalizam sua economia e penetram na área tecnológica, alcançando, assim, níveis mais elevados de modernidade.

No entanto, numa profunda contradição, a Bahia como estado integrante da região que atravessa os maiores desafios para o desenvolvimento, apresenta um quadro onde necessidades básicas de parte significativa de sua população não são ainda satisfeitas – a fome, a desnutrição, a mortalidade infantil, o analfabetismo e o desemprego - resultante de questões estruturais do pais, em que pese o esforço de seus governantes.

Para contribuir com a superação gradativa deste cenário de carências, a Secretaria da Educação fazendo a sua parte, aliando-se as experiências da sociedade e cumprindo com o seu dever constitucional de oportunizar educação para todos , concebe este Programa de Alfabetização de Jovens e Adultos a ser desenvolvido de forma solidária com entidades governamentais e não governamentais, congregando esforços em prol da democratização de oportunidades educacionais.

A implantação deste programa requer a mobilização efetiva de toda a sociedade que deve assumir, na pratica, uma atitude política de reconhecimento do direito de todos ao acesso aos códigos do mundo contemporâneo, fundamental , para o pleno exercício da cidadania. Este reconhecimento requer, portanto, a substituição da cultura da negação pela cultura da afirmação dos direitos dos direitos a educação e uma vida mais digna para o povo baiano.


Edílson Freire
Secretário da Educação
1995-1999

CARTA DE ANISIO TEIXEIRA PARA LOBATO


Rio de Janeiro, 5 de janeiro de 1931

Lobato

Passei o meu domingo ultimo lendo Alice no país das maravilhas. Esta esplendido de graça, de naturalidade, e de bem traduzido. Aquele tipo de imaginar a inglesa, ingênuo e lógico, o que da em brasileiro as vezes uma mistura ridícula, - você transpôs para o português sem perder nada daquela doçura da fonte que há na pequenina obra-prima. Pelas crianças e como uma delas, o meu muito obrigado. Você fez um presentão de Natal aos meninos do Brasil.
Andava sonhando em ver traduzido The jungle book. Um antigo colega meu – Afonso Várzea – filho de Virgilio – esta-se animando a esse trabalho. Trouxe-me, outro dia, o primeiro capitulo. Ignoro, porem, se você não o esta traduzindo, o que e um milhão de vezes melhor.
Mando-lhe – a titulo de amostra – o capitulo traduzido pelo Várzea. Julgue-o. E se não esta em suas cogitações traduzir essa obra, veja se a Editora Nacional e o bravo Otales desejam editar a tradução Várzea.
Recebi ontem as carta de 1º. Vejo como a sua atividade e realmente ampla, arejada e voltada para as cousas essenciais. Inteligência e a distinção entre o essencial e o secundário. Quando leio a sua carta, fico a imaginar se realmente o meu grande erro não esta em não saber fazer tal distinção.
Escolas – sem livros e sem riqueza!! Eu. Livros e riqueza – você.
Não há necessidade de comparar.
Leio agora que na Rússia os Soviets já atiraram sobre o solo russo 144 milhões de livros! Os alunos que eram em 1915, 1.230.000, foram em 31, 17.600.000! E nos a engatinharmos.
Adeus. Todo seu



Anísio

Conversa entre amigos
Correspondência escolhida entre Anísio Teixeira e Monteiro
Por: Aurélio Viana e Priscila Fraiz

domingo, 15 de fevereiro de 2009

ALUNOS ESPECIAIS


A difícil tarefa de tratar igual quem é diferente


O Ministério determina a implantação de Salas de Recursos Multifuncionais em todas as unidades escolares. Em Salvador, segundo dados da Secretaria de Educação e Cultura (SMEC), das 365 escolas da rede, 100 possuem alunos com deficiência auditiva e 137 têm estudantes com dificuldades de locomoção. Totalizando os dados, 719 estudantes da rede municipal de ensino apresentam algum tipo de necessidade especial. A partir desta realidade, a SMEC planeja adaptar até o final de 2006, a estrutura física de 137 escolas para o acesso de Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais, as chamadas PPNAE. Para tanto, serão construídas rampas, barras e banheiros adaptados com recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação do Governo Federal (FNDE)."As nossas maiores dificuldades estão na realidade do pequeno número de vagas na rede municipal de ensino para estas crianças especiais, e as poucas oportunidades nas escolinhas particulares de bairros. É preciso reformar o pensamento para reformar o ensino", explica terapeuta ocupacional do Instituto de Cegos da Bahia Sheila Araújo.Um dos maiores desafios do sistema educacional atualmente, a Educação Inclusiva tem seus pressupostos criados na década de 70, tendo fundamentado vários programas e projetos da educação. O combate ao preconceito contra aqueles que portam necessidades especiais ainda é a mais desafiante destas ações.Promover uma educação que se baseie na universalização do acesso à qualidade de aprendizado e ensino pautados na inclusão e não na exclusão a favor do outro, segundo especialistas, é algo que requer mudanças, superação de preconceitos, conscientização e tomadas de atitudes que transformem a pedagogia tradicional. Como cuidar, integrar, reconhecer e relacionar-se com crianças e pessoas com essas necessidades sempre foi um problema social e institucional no país. Para os educadores, uma observação elementar já é suficiente para entender as dificuldades de locomoção enfrentadas por paraplégicos, cegos e demais vítimas de limitações físicas nas cidades, e atentar para as variadas necessidades e limitações de aprendizagem que alunos e alunas evidenciam em sala, desde uma simples conta de somar a um sério isolamento dos demais colegas. Nesta busca, torna-se fundamental o desenvolvimento de um projeto educacional centrado na criança, na participação familiar e comunitária no ambiente educacional, e principalmente na organização escolar para o envolvimento de todos os estudantes e a formação de conexões que apóiem a inclusão. O artigo 58 da LDB destaca a oferta da educação especial já na educação infantil, área em que esse atendimento é ao mesmo tempo tão importante, quanto escasso no Brasil. Se antes essa tarefa era restrita à família ou pessoas próximas, bem como a instituições públicas (hospitais, escolas especiais, asilos, etc), agora se espera que as escolas fundamentais incluam estas crianças, reafirmando o dever do estado quanto a esta questão. O mesmo artigo 59 destaca um ponto central e relevante quanto ao sistema educacional: "formação de professores com especialização adequada em nível médio ou superior (...) bem como professores do ensino regular capacitados para a integração (...)". Quanto a estes últimos, a Lei reserva aos municípios o dever de realizar programas de capacitação para todos os professores em exercício. Tal tema é ainda pouco presente nos cursos de formação de docentes e outros profissionais, ainda que sob recomendações legais. "Ainda há muito que se fazer em nosso contexto quanto a isso. Na universidade tem a disciplina optativa, mas ainda não é uma interlocução multi ou interdisciplinar. Ou seja, não é algo fortalecido entre os professores", lamenta Gedalva Paz, da Coordenadoria de Ensino e Apoio Pedagógico (Cenap).Realidade e avanços – Caminhando para a melhora deste quadro no município, a SMEC tem realizado cursos de capacitação para professores nas diversas áreas de inclusão educacional, o que ainda se constitui em ações modestas tanto no âmbito da realização quanto da participação de docentes. Uma dessas iniciativas foi o III Seminário de Formação para Gestores e Educadores realizados na última semana na capital como fruto do Programa "Educação Inclusiva: Direito à Diversidade" da Secretaria de Educação Especial (SEESP) do Ministério da Educação (MEC) em parceria com a Smec. Na ocasião, coordenadores de Salvador e municípios vizinhos trocaram experiências e discutiram ações inclusivas. Questões como a importância da família no processo de inclusão foram bem pontuadas no evento. Para a terapeuta ocupacional do Instituto de Cegos da Bahia Sheila Araújo, "uma criança bem adaptada e integrada em sua família com certeza terá uma boa inclusão na escola, por mais grave e especial que seja a sua necessidade. Os pais são nosso braço direito sempre", disse.Exemplo de inclusão, a Escola Municipal Oswaldo Cruz, no Rio Vermelho, comprova quão especiais são esses jovens. "Em 1999, quando a escola foi municipalizada, tínhamos uma sala com deficientes auditivos e crianças ouvintes. Foi uma experiência muito significativa para todos, pois víamos a interação entre eles. As crianças ouvintes ajudavam muito nas atividades, dando suporte às professoras e aos colegas", conta a professora Ana Carla Pereira de Souza, vice-diretora da escola. Hoje, a Oswaldo Cruz é conhecida pelo trabalho que desenvolve, sendo bastante procurada por pais que não encontram oportunidades para seus filhos especiais em outras escolas. "Temos o caso de um aluno que foi rejeitado em cinco escolas particulares até chegar a aqui. A mãe já não sabia como lidar com o filho. Hoje, a escola tem 12 alunos especiais, entre deficientes físicos, mentais, auditivos, alunos hiperativos, com Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH), todos incluídos em salas regulares da pré-escola até a 4ª série. "Ousadia é o que temos, pois buscamos a parceria em todos os aspectos para trabalhar. O respaldo é muito pequeno e contamos muito com o apoio das famílias e de parceiros como a da Associação de Pais e Amigos do Deficiente Auditivo (Apada). Muitas crianças moram longe, daí as mães acabam ficando aqui com elas e auxiliam nos trabalhos também. Demos um passo à frente de muitas outras escolas, mas ainda não somos uma escola especializada. As famílias não têm o preparo ideal, a comunidade escolar e externa também não estão bem preparadas. É um trabalho desafiador, mas que estamos conseguindo realizar", conta Ana Carla. Realidade ainda distante do que é proposto pela lei"Modalidade de educação escolar, oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para pessoas com necessidades educacionais especiais". Assim se define a Educação Especial, tratada no Capítulo V da Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional, a LDB. Esta modalidade perpassa desta forma, todos os níveis de ensino, desde a Educação Infantil até o Ensino Superior. Para uma área tão pouco contemplada e discriminada historicamente, revestida do caráter da concessão e do assistencialismo no conjunto das políticas públicas brasileiras, o referido capítulo reafirma: todos os cidadãos com necessidades especiais (aqueles com dificuldades na aprendizagem ou dificuldades de comunicação diferenciada dos demais alunos), condutas típicas (manifestações de portadores de síndromes - exceto Síndrome de Down - e quadros psicológicos, neurológicos ou psiquiátricos que atrasem o desenvolvimento e prejudiquem o relacionamento social) e altas habilidades/superdotação (notável desempenho e elevada potencialidade em diversos aspectos ligados à intelectualidade, isolados ou combinados) têm direito à educação gratuita, pública e de qualidade. É nesse contexto que se formulam as diretrizes da chamada a Educação Inclusiva. Esta que, como o próprio nome já conceitua, é orientada pela concepção de que a escola comum deve se constituir em um espaço de ação e transformação, tendo ela relevante papel no processo de integração e de respeito à diversidade, por meio da inclusão em salas regulares de ensino desses alunos especiais. "A Educação Inclusiva tem como fundamento trazer todos para a escola e incluí-los. Ela é diferente da Educação especial, pois está para todas as pessoas com suas particularidades, seja com alguma deficiência física, seja gordinho, seja cego, negro, ou seja, ela tem uma abrangência muito maior do que como costumávamos trabalhar na Especial", diz Gedalva Paz da Coordenadoria de Ensino e Apoio Pedagógico (Cenap) da Secretaria Municipal de Educação (SMEC).


Folha Dirigida - Brasil - 9/6/2006 -

sábado, 14 de fevereiro de 2009

A ORIGEM DO DIA DO ESTUDANTE


Em 11 de agosto de 1827, foi instituído no Brasil os dois primeiros cursos de ciências jurídicas e sociais , um em São Paulo e o outro em Olinda, ato instituído por D. Pedro I. Até então, todas as pessoas interessadas em cursar a área jurídica, tinham que ir para Coimbra, em Portugal, local que abrigava a faculdade mais próxima.

Na capital paulista, o curso passou a ser ministrado pelo Convento São Francisco, um edifício de taipa construído por volta do século XVII. As primeiras turmas formadas continham apenas 40 anos. De lá para cá, nove Presidentes da República e outros inúmeros escritores, poetas e artistas já passaram pela escola do Largo São Francisco, incorporada à USP em 1934 e o curso implantado em Olinda foi transferido para Recife.

Cem anos após sua criação dos cursos de direito, Celso Gand Ley propôs que a data fosse escolhida para homenagear todos os estudantes, ao longo dos anos os estudantes ganharam uma oração (de autoria desconhecida) e em 1985 uma musica de autoria de Milton Nascimento e Wagner Tiso.

Foi assim que nasceu o Dia do Estudante, em 1927. No resto do mundo o Dia do Estudante é comemorado no dia 17 de novembro – Dia Internacional do Estudante.

Oração do Estudante


Senhor, eu sou estudante, e por sinal, inteligente.

Prova isto o fato de eu estar aqui, conversando com você.

Obrigado pelo dom da inteligência e pela possibilidade de estudar.

Mas, como você sabe, Cristo, a vida de estudante nem sempre é fácil.

A rotina cansa e o aprender exige uma série de renúncias: o meu cinema, o meu jogo

preferido, os meus passeios, e também alguns programas de TV.

Eu sei que preparo hoje o meu amanhã.

Por isso lhe peço, Senhor, ajuda-me a ser bom estudante.

Dê-me coragem e entusiasmo para recomeçar a cada dia.

Abençoe a mim, a minha turma e os meus professores.

Amém.

Coração de Estudante

(Milton Nascimento e Wagner Tiso)

Quero falar de uma coisa

Adivinha onde ela anda?

Deve estar dentro do peito

Ou caminha pelo ar

Pode estar aqui do lado

Bem mais perto que pensamos

A folha da juventude

É o nome certo desse amor

Já podaram seus momentos,

Desviaram seu destino,

Seu sorriso de menino,

Quantas vezes se escondeu

Mas, renova-se a esperança

Nova aurora a cada dia

E há que se cuidar do broto, oh, oh

Pra que a vida nos dê cor, flor e fruto

Coração de estudante

Há que se cuidar da vida,

Há que se cuidar do mundo,

Tomar conta da amizade

Alegria e muito sonho

Espalhados no caminho

Verdes: planta e sentimento

Folhas, coração, juventude e fé.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

THALES GÓIS DE AZEVEDO


THALES GÓIS DE AZEVEDO

Autora:Maria Arlinda Moscoso

Médico e professor, como costumava identificar-se, a trajetória profissional de Thales Góis de Azevedo foi demarcada de êxito e competência. Caminho glorioso, em que o espírito humanista e a preocupação dominante com o social foram revelados, de forma plural, no clínico, no antropólogo, historiador, romancista, articulista do jornal A TARDE por mais de seis décadas, nutricionistas e tantas outras atividades nas quais deixou registrado o seu talento versátil e prodigioso. Nele são inseparáveis o didata e o pesquisador, um complementando o outro.
Nasceu em Salvador, Bahia, a 26 de agosto de 1904, na Rua do Hospício, hoje Rua Democrata - e faleceu em 05 de agosto de 1995. Filho mais velho do farmacêutico Olimpio Pinto de Azevedo e da Profa. Laurinda Góis de Azevedo, teve quatro irmãos. Casou-se com Mariá Freitas David, diplomada em piano.
Thales de Azevedo estudou no Colégio dos Jesuítas – o Antonio Vieira - dos 10 aos 15 anos de idade. Fez o Curso de Medicina na Faculdade de Medicina da Bahia onde se formou, recebendo distinção pela tese inaugural FIBROMYOMAS DO ÚTERO, aprovada em dezembro de 1927.

O MÉDICO

Na Faculdade de Medicina da Bahia foi interno da Cadeira de Clínica Ginecológica do Prof. Adeodato de Souza, na enfermaria do Hospital Santa Isabel da Santa Casa da Misericórdia da Bahia e do ambulatório ginecológico do mesmo hospital.
Sua primeira missão após a formatura, foi participar da comissão organizada para combater surto de peste bubônica no Município de Itambé – 1928, no sudoeste da Bahia.
A seguir, passou a clinicar no Município de Castro Alves. Em 1931 fez Curso de Aperfeiçoamento do Aparelho Digestivo e Tuberculose na Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro), com o Prof. Clementino Fraga.
De 1933 a 1934 estagiou na Clínica de Dermatologia e Sifilografia do Prof. Eduardo Rabello da Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil.
Ainda no ano de 1934 foi nomeado médico do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos.

O JORNALISTA

Sua primeira incursão na área jornalística ocorreu ainda na fase de estudante, colaborando em um pequeno jornal diocesano, em Ilhéus, na seção de Estudo do Círculo Católico de Estudos da Mocidade Acadêmica do Dr. Cabral.
Por algum tempo foi revisor do Diário Oficial da Bahia - 1925, sendo logo depois promovido de revisor, para noticiarista.
Em 1933 começou a trabalhar no jornal A TARDE, sendo encorajado a escrever para o mesmo pelo Dr. Ernesto Simões Filho, a quem o talento de Thales de Azevedo não passou despercebido. Iniciou sua colaboração sem regularidade, mas acabou sendo articulista de produção semanal, durante o período de 60 anos, até a semana de sua morte (1995).
Em 1975, na reorganização do jornal, o Dr. Ernesto Simões Filho o incluiu entre os seus seis colaboradores permanentes.

PROFESSOR E PESQUISADOR

Das inúmeras e excelentes contribuições oferecidas pelo Professor Thales de Azevedo à vida cultural do nosso país, sobreleva-se, sem dúvida, a do professor pesquisador. A ele se deve o conceito de uma nova metodologia, em que o conhecimento vem reforçado pela didática da pesquisa social, oferecendo sólida base ao estudo.
Numa apreciação imparcial e coerente sobre o trabalho desenvolvido pelo Prof. Thales, Gilberto Freyre assim se expressou:
“Nele, o didata e o pesquisador vêm sendo inseparáveis: Um enriquecendo o outro. Seus discípulos se tornam altamente favorecidos: em conhecimentos teóricos de Antropologia Cultural e em técnica de análise e de pesquisa.”
Trabalhando com o Prof. Anísio Teixeira, então Secretário de Educação da Bahia, Thales de Azevedo ficou engajado no Programa de Pesquisas Sociais Estado da Bahia – Colômbia Universaty (1950/195l).
Logo a seguir, na qualidade de coordenador do Programa, acompanhou seus desdobramentos em estágios de treinamento e orientação de estudantes americanos na Bahia, que se estendeu por mais de duas décadas.
Thales de Azevedo desempenhou papel decisivo no apoio a projetos de pesquisa e na concessão de bolsas de estudo a pesquisadores, como Presidente e Secretário Geral da Fundação para o Desenvolvimento da Ciência na Bahia (1958 / 1968).

O ANTROPÓLOGO

O estudo da Antropologia Cultural no Brasil encontrou no Mestre Thales de Azevedo um dos seus melhores cultores. Seus trabalhos são, na abalizada palavra de Gilberto Freyre, “de um saber sério e de uma elevada consciência de cientista que é também humanista.”
Antropólogo e Professor Universitário, Thales de Azevedo foi reconhecido como “um dos poucos antropólogos brasileiros que emprestou aliança entre Antropologia e Historia.”
De 1942 a 1943, trabalhou na criação da Escola de Serviço Social da Bahia.
A convite do Prof. Isaias Alves, passou a integrar o Corpo Docente da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia, onde se manteve de 1943 a 1969.
Foi em 1943 que recebeu convite de Dr. Osvaldo Valente, então Diretor do Arquivo Municipal de Salvador, para participar dos trabalhos da série Evolução Histórica da Cidade do Salvador, comemorativa do IV Centenário da Cidade (1549/1949).
Aceitando o convite, o Professor Thales de Azevedo apresentou trabalho sob o titulo: O Povoamento da Cidade do Salvador.
Outros de seus trabalhos foram premiados, mas Povoamento foi por três vezes que mereceu três honrosos prêmios: A primeira, foi com o grande prêmio criado pela Companhia de Seguros Aliança da Bahia em comemoração ao IV Centenário da Cidade do Salvador, para a melhor obra sobre a Bahia. Concorreram ao Prêmio Literário Aliança da Bahia mais onze trabalhos, dentre os quais, quatro foram selecionados, “que sobrepujaram sem a menor dúvida, aos demais”:
História da Literatura Bahiana e História da Fundação da Bahia, de Pedro Calmon; A Idade do Ouro da Bahia, de J.F.Almeida Prado e, Povoamento que, no Parecer da Comissão de Julgamento (05/12/1950), “Se não supera os outros (três) em méritos literários, tem sobre eles a vantagem de representar um estudo mais profundo e minucioso em torno de assunto de maior relevância para o conhecimento da formação baiana”.
O segundo prêmio foi conferido pelo Governo do Estado: O Prêmio Caminhoá criado para distinguir “a obra mais destacada do período”.
Em seu parecer, a comissão julgadora afirma:
“O livro do Dr. Thales de Azevedo que tão merecidamente concorre ao Prêmio Caminhoá constitui, diga-se de pronto e sem rebocos, um bom livro. Bom livro por várias razões: pelo plano elevado com que foi traçado e executado, pelos três capítulos magníficos em que está desdobrado, pela erudição que ressuma de suas citações, pela lógica que transnuda os seus conceitos, pela honestidade que surde de suas conclusões, pelo volume de pesquisas beneditinas que valorizam suas notas, bom livro enfim, pelo estudo sociológico e antropológico profundo, erudito, espraiado pelos seus três capítulos, ponto alto do trabalho e razão de seu grande mérito” (Perecer da Comissão, abril de 1951).
Finalmente Povoamento da Cidade do Salvador recebeu, no mesmo ano, o Prêmio Cultural de Interpretação do Brasil e Portugal Larragoiti Junior, da Academia Brasileira de Letras.
Além da edição original, promovida pela Prefeitura de Salvador, 1949, Povoamento teve mais duas reedições: Cia. Editora Nacional, Rio de Janeiro, 1955, edição proposta por Anísio Teixeira e Itapoá, Salvador, 1969, edição proposta por Luiz Henrique Dias Tavares. Na mesma linha o autor escreveria, anos mais tarde em colaboração com E.V. Lins, uma das mais importantes monografias brasileiras sobre a história de uma instituição financeira – História do Banco da Bahia – 1958. Escreveu muitos outros textos que aprofundam questões históricas, sobretudo a respeito da colonização italiana no Rio Grande do Sul, a história eclesiástica e as relações Estado-Igreja no Brasil.
Na década de 50 integra-se à rede de pesquisadores sobre as relações inter-étnica no Brasil.
No seu trabalho intitulado Raças Humanas Superiores e Raças Inferiores, evidencia seu próprio antagonismo ao preconceito. Idéia que seria reforçada mais tarde em: Povoamento e em Civilização e Mestiçagem. Todavia, o marco decisivo no círculo de estudos de relações sociais, é encontrado em trabalho seu para a UNESCO, em 1955, de repercussão internacional.
Concluímos com as autorizadas palavras de Gilberto Freyre:
“O Brasil, deve ao Professor Thales e Azevedo como a outros cientistas sócais de hoje, contribuições valiosas para o esclarecimento de aspectos peculiares a uma sociedade e uma cultura que precisa ser estudada e interpretada considerando-se essas peculiaridades e não simplesmente aplicando-se a situações brasileiras teorias, em todos, de outras origens”.
Trabalho elaborado pela Acadêmica, advogada, escritora, Membro da Academia de
Cultura da Bahia e Conselheira do CEPA (Círculo de Estudo, Pensamento e Ação),
Maria Arlinda Moscoso, por ocasião de sua posse como Membro da Academia de
Cultura da Bahia, em homenagem a seu patrono o Dr. Thales Góis de Azevedo -Salvador, 01/10/2005
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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

MISSÃO E VISÃO DA SEC


Autor: Fernando Paixão


A Secretaria do Estado da Bahia (SEC), órgão do Poder Executivo e coordenador do Sistema Estadual da Educação, tem por finalidade executar a política do Governo referente à expansão e difusão da educação e oferecer ensino, nos diversos níveis e modalidades, garantindo o ingresso, permanência, o regresso e o sucesso dos alunos na escola.

A SEC foi criada no ano de 1895, através de decreto, com a denominação de Secretaria do Interior, Justiça e Instrução Pública, sendo modificada, em 1930 pelo decreto 7.066/01, para Secretaria do Interior, Justiça e Instrução Pública, Política, Segurança, Saúde e Assistência Pública, sofrendo ainda alterações em sua denominação em 1935, 1938, 1966 e 1995, com a Lei n. 6.812 de 18 de janeiro de 1995, a Secretaria da Educação e Cultura, denominação de 1966, foi desmembrada, passando a denominar-se Secretaria da Educação. Com a Lei n. 7.435, de 30 de dezembro de 1998, que introduziu modificações na estrutura organizacional da Administração Pública Estadual. Foram criadas as Diretorias Gerais nas Secretarias de Estado e na Procuradoria Geral de Estado para coordenar os órgãos setoriais e seccionais dos sistemas formalmente instituídos, denominados Diretoria de Orçamento Público, Diretoria Administrativa, Diretoria de Finanças e Coordenação de Modernização. Nesta mesma Lei, foram criadas as Superintendências, suas Diretorias e Coordenações com o objetivo de executar o controle das atividades finalisticas das Secretarias. Atualmente, a SEC possui 65.000 servidores ativos e inativos e está sob o comando do seu septuagésimo quinto secretário.

Descrição da Organização

A Secretaria da Educação do Estado da Bahia possui sete Superintendências, dois Departamentos Externos, que são o Conselho Estadual de Educação - CEE e o Instituto de Aperfeiçoamento de Professores - IAT, quatro Universidades Estaduais, trinta e três Diretorias Regionais, mil e oitocentas escolas e uma Diretoria Geral, que é a responsável pela ordenação das despesas de toda a SEC.

Missão


A Secretaria da Educação tem como missão: Educação de qualidade para todos.

Visão

Através da sua missão a Secretaria da Educação busca, contribuir para o desenvolvimento social do Estado, oferecendo educação de qualidade, prestar atendimento prioritário e universal as crianças e aos jovens de 7 a 20 anos, oferecendo, ao mesmo tempo, alternativas de educação à clientela adulta que não teve oportunidade de acesso à educação quando na idade regular e respeitar a autonomia pedagógica da escola e avançar na consolidação de sua autonomia administrativa e financeira.


Fonte: Regimento da SEC, DOE, Arquivo Público)