Uma História de Vida Dedicada á Educação
Rachel Pereira de Andrade nasceu na Fazenda Pintada, de José Antônio Tanajura, vizinha da Fazenda Cajueiro de Policarpo Ribeiro, no dia 30 de janeiro de 1917, depois se mudou para a Fazenda Vazante, de seu tio Ciro Pereira de Andrade, perto da vila Gentio, hoje Ceraíma, município de Guanambi-Bahia. Era filha de Renato Pereira de Andrade e Leonor Fagundes Cotrim. Seus avós paternos foram: Manoel Andrade (Rio Branco de Bom Jesus da Lapa) e Raquel Pereira (Guanambi); e seus avós maternos: Manoel Fagundes Cotrim (Caetité) e Serafina Pinheiro de Canguçu (Brumado).Teve três irmãos: Maria da Conceição Pereira, João Pereira Sobrinho e Geraldo Pereira de Andrade.
Aos quatro anos de idade foi adotada pela sua tia Silvéria Maria de Jesus Fagundes, passando a morar em Caetité.
Menina muito ativa, inteligente e esforçada, teve o privilégio de estudar na Escola Normal de Caetité, uma das melhores escolas da Bahia, naquela época. Um ano antes de se formar, nas férias de 1931, teve um estágio remunerado na comunidade de Juazeiro, município de Caetité, durante dois meses, ficando hospedada na residência do Senhor Antônio Tintino e Dona Teresa.Formou-se no dia sete de dezembro de 1932, com 16 anos incompletos, sendo nomeada pelo Estado, para trabalhar em Tanque Novo, um povoado que contava apenas 22 casas e uma capela.
Viajou em companhia de sua tia Silvéria e de dois guarda-fios de Caetité: Sr. Estêvão Lopes e Sr. Heteriano, conhecido como Neném Coqueiro. A viagem foi a cavalo e aconteceu no dia 22 de maio de1933. Chegando a Tanque Novo, teve uma bela recepção pelo Sr. Antônio Alves Carneiro (tio Tõe) e outras famílias, ficando hospedada, nos primeiro dias, na casa do Sr. Teotônio Marques da Silva. Foi bem tratada, inclusive, pelo professor leigo (leigo no bom sentido, porque não tinha formatura), o Sr. José Marques Carneiro (tio Cazuza) que por sinal era capacitado e muito inteligente.A primeira sala de aula foi cedida pelo Sr. Laudelino José da Silva (Dãozinho), conhecida como República dos Viajantes.
Logo de início, matriculou 30 alunos, na faixa etária de 7 a 16 anos. Devido à sua pouca idade, na hora do recreio tinha disposição para brincar com os meninos e com as meninas. Mas, quando necessário, sabia agir com rigor, punindo e até colocando de castigo aqueles mais rebeldes, demonstrando maturidade e coragem.
Com o passar do tempo, acumulava na mesma sala de aula, alunos do 1º ao 5º ano primário. Além das matérias básicas: Gramática, Aritmética, História, Geografia e Ciências, ensinava também, artesanato e bordado.Havia, nessa ocasião, visitas periódicas de inspetores escolares, que chegavam de repente, sem qualquer aviso prévio, para avaliação do ensino. Só que a professora não se preocupava, pois contava com excelentes alunos, aptos para responderem a quaisquer perguntas.
Raquel Pereira costumava passar férias ou feriados no povoado de Bonito (atual Igaporã), onde residiam vários parentes. Numa dessas viagens, mais precisamente no dia 7 de setembro de 1935, solicitou a seus primos Messias e Maria, um dos seus filhos para ir morar com ela e sua tia Silvéria. Justiniano Pereira de Sousa, que tinha apenas quatro anos de idade, foi quem se dispôs a ir morar com elas. No início, chamava sua prima de “Tia Quezinha”. Depois passou a chamá-la de Dindinha.
Justiniano foi criado e educado com muito amor e carinho pela professora Raquel e sua tia Silvéria.Alguns anos depois, em 1943, essa professora se casou com ARLINDO ALVES CARNEIRO e o seu nome passou a ser RAQUEL PEREIRA CARNEIRO.
Arlindo Alves Carneiro nasceu em 31 de julho de 1915, e era filho de Joaquim Alves Carneiro (Coronel) e Maria Francisca de Jesus Carneiro (Dona). Seus avós paternos eram: Juvêncio Alves Carneiro e Arlinda Gomes; e seus avós maternos, Prudenciano Alves Carneiro e Gertrudes Francisca de Jesus Marques. É bom destacar que seu avô paterno era irmão do seu avô materno. Juvêncio Alves Carneiro e Prudenciano Alves Carneiro foram os verdadeiros fundadores de Tanque Novo. Foram eles que compraram a fazenda “Furados”, sendo povoada e transformada em vila, pertencente a Macaúbas, depois distrito de Botuporã e, emancipada politicamente em 1985, permanecendo com o nome de Tanque Novo. Seu avô materno (Prudenciano) foi quem construiu a primeira capela, tendo como ajudante sua esposa Gertrudes. Esse casal, também, doou o terreno para a construção da primeira praça; conhecida, hoje, como Praça da Matriz.
Seu esposo Arlindo era agricultor e comerciante (farmacêutico prático), mas, sempre arrumava algum tempo para lhe dar uma “mãozinha” na escola, tomando a lição dos alunos de 1º ano. Essa tarefa, às vezes, era delegada aos alunos mais adiantados.
Desse casamento nasceram oito filhos, sendo seis vivos: Maria, Raquelinda, Arlindo, Edílson, Aparecido e Eloísa. E dois que faleceram com poucos meses de vida: Zélia e Joaquim.
Exercer o magistério é como exercer um sacerdócio: requer muito sacrifício. Todavia, seu sacrifício não foi em vão. Por isso, várias homenagens foram prestadas a ela: nome de prédio escolar, nome de rua, poesias e até uma valsa dedicada pelo seu saudoso afilhado e ex-aluno, Lindouro Marques. Em 2003, os professores de Tanque Novo lhe renderam graças, através de uma missa solene, presidida pelo padre Edson, com direito à placa comemorativa, pela passagem dos setenta anos de magistério, contando com a presença de alguns alunos da primeira matrícula. E, no ano de 2005, no Dia do Professor, foi exibido um DVD sobre sua vida, produzido pela Secretaria Municipal de Educação de Tanque Novo.
A professora Raquel Pereira Carneiro faleceu no dia 24 de novembro de 2008, deixando uma grande lição de vida: humildade e amor ao próximo. Além disso, seu legado é muito rico em educação e cultura.
Rachel Pereira de Andrade nasceu na Fazenda Pintada, de José Antônio Tanajura, vizinha da Fazenda Cajueiro de Policarpo Ribeiro, no dia 30 de janeiro de 1917, depois se mudou para a Fazenda Vazante, de seu tio Ciro Pereira de Andrade, perto da vila Gentio, hoje Ceraíma, município de Guanambi-Bahia. Era filha de Renato Pereira de Andrade e Leonor Fagundes Cotrim. Seus avós paternos foram: Manoel Andrade (Rio Branco de Bom Jesus da Lapa) e Raquel Pereira (Guanambi); e seus avós maternos: Manoel Fagundes Cotrim (Caetité) e Serafina Pinheiro de Canguçu (Brumado).Teve três irmãos: Maria da Conceição Pereira, João Pereira Sobrinho e Geraldo Pereira de Andrade.
Aos quatro anos de idade foi adotada pela sua tia Silvéria Maria de Jesus Fagundes, passando a morar em Caetité.
Menina muito ativa, inteligente e esforçada, teve o privilégio de estudar na Escola Normal de Caetité, uma das melhores escolas da Bahia, naquela época. Um ano antes de se formar, nas férias de 1931, teve um estágio remunerado na comunidade de Juazeiro, município de Caetité, durante dois meses, ficando hospedada na residência do Senhor Antônio Tintino e Dona Teresa.Formou-se no dia sete de dezembro de 1932, com 16 anos incompletos, sendo nomeada pelo Estado, para trabalhar em Tanque Novo, um povoado que contava apenas 22 casas e uma capela.
Viajou em companhia de sua tia Silvéria e de dois guarda-fios de Caetité: Sr. Estêvão Lopes e Sr. Heteriano, conhecido como Neném Coqueiro. A viagem foi a cavalo e aconteceu no dia 22 de maio de1933. Chegando a Tanque Novo, teve uma bela recepção pelo Sr. Antônio Alves Carneiro (tio Tõe) e outras famílias, ficando hospedada, nos primeiro dias, na casa do Sr. Teotônio Marques da Silva. Foi bem tratada, inclusive, pelo professor leigo (leigo no bom sentido, porque não tinha formatura), o Sr. José Marques Carneiro (tio Cazuza) que por sinal era capacitado e muito inteligente.A primeira sala de aula foi cedida pelo Sr. Laudelino José da Silva (Dãozinho), conhecida como República dos Viajantes.
Logo de início, matriculou 30 alunos, na faixa etária de 7 a 16 anos. Devido à sua pouca idade, na hora do recreio tinha disposição para brincar com os meninos e com as meninas. Mas, quando necessário, sabia agir com rigor, punindo e até colocando de castigo aqueles mais rebeldes, demonstrando maturidade e coragem.
Com o passar do tempo, acumulava na mesma sala de aula, alunos do 1º ao 5º ano primário. Além das matérias básicas: Gramática, Aritmética, História, Geografia e Ciências, ensinava também, artesanato e bordado.Havia, nessa ocasião, visitas periódicas de inspetores escolares, que chegavam de repente, sem qualquer aviso prévio, para avaliação do ensino. Só que a professora não se preocupava, pois contava com excelentes alunos, aptos para responderem a quaisquer perguntas.
Raquel Pereira costumava passar férias ou feriados no povoado de Bonito (atual Igaporã), onde residiam vários parentes. Numa dessas viagens, mais precisamente no dia 7 de setembro de 1935, solicitou a seus primos Messias e Maria, um dos seus filhos para ir morar com ela e sua tia Silvéria. Justiniano Pereira de Sousa, que tinha apenas quatro anos de idade, foi quem se dispôs a ir morar com elas. No início, chamava sua prima de “Tia Quezinha”. Depois passou a chamá-la de Dindinha.
Justiniano foi criado e educado com muito amor e carinho pela professora Raquel e sua tia Silvéria.Alguns anos depois, em 1943, essa professora se casou com ARLINDO ALVES CARNEIRO e o seu nome passou a ser RAQUEL PEREIRA CARNEIRO.
Arlindo Alves Carneiro nasceu em 31 de julho de 1915, e era filho de Joaquim Alves Carneiro (Coronel) e Maria Francisca de Jesus Carneiro (Dona). Seus avós paternos eram: Juvêncio Alves Carneiro e Arlinda Gomes; e seus avós maternos, Prudenciano Alves Carneiro e Gertrudes Francisca de Jesus Marques. É bom destacar que seu avô paterno era irmão do seu avô materno. Juvêncio Alves Carneiro e Prudenciano Alves Carneiro foram os verdadeiros fundadores de Tanque Novo. Foram eles que compraram a fazenda “Furados”, sendo povoada e transformada em vila, pertencente a Macaúbas, depois distrito de Botuporã e, emancipada politicamente em 1985, permanecendo com o nome de Tanque Novo. Seu avô materno (Prudenciano) foi quem construiu a primeira capela, tendo como ajudante sua esposa Gertrudes. Esse casal, também, doou o terreno para a construção da primeira praça; conhecida, hoje, como Praça da Matriz.
Seu esposo Arlindo era agricultor e comerciante (farmacêutico prático), mas, sempre arrumava algum tempo para lhe dar uma “mãozinha” na escola, tomando a lição dos alunos de 1º ano. Essa tarefa, às vezes, era delegada aos alunos mais adiantados.
Desse casamento nasceram oito filhos, sendo seis vivos: Maria, Raquelinda, Arlindo, Edílson, Aparecido e Eloísa. E dois que faleceram com poucos meses de vida: Zélia e Joaquim.
Além de ser professora, ministrava catecismo, ensinava hinos religiosos à mocidade, e como membro atuante do Apostolado do Sagrado Coração de Jesus, acabou sendo secretária do mesmo, cujo presidente era o Sr. Arquimimo Alves Carneiro. Incentivava os festejos da padroeira Coração de Maria, apresentando peças teatrais (uma delas, a Cavalhada Mourama, cujo resumo foi extraído de um livro, em parceria com o Sr. Moisés Marques). Orientava, também, suas alunas, na coroação de Nossa Senhora. Foi ela, inclusive, quem trouxe o primeiro cântico para a coroação da imagem da padroeira, conseguindo a cópia do mesmo com suas primas de Bonito (Igaporã). Contribuía, assiduamente, com o leilão da primeira noite de novena, em louvor ao Coração de Maria.
Sabia também, costurar roupas, bordava enxovais de noivas, tocava bandolim e realizava outros trabalhos domésticos. Participou ativamente, dos primeiros progressos de Tanque Novo, como a criação do Posto de Correios e da feira livre, reivindicações suas, contando com a participação de outras pessoas, inclusive de seu marido Arlindo. Foi ele quem escolheu o dia da semana para a realização da feira: terça-feira, que vigora até hoje. Viu surgir, também, a primeira banda filarmônica, criada pelo seu sobrinho e ex- aluno, Osvaldo Marques da Silva (Vavá Marques), juntamente com outros sócios.
Foram 32 anos cansativos de magistério, porém, com saldo bastante positivo; através de sua formação básica, muitos puderam continuar seus estudos, tornando-se professores e doutores ou funcionários públicos concursados. Nota-se, entretanto, que alguns não puderam prosseguir estudando, mas, sobressaíram como comerciantes ou políticos, tendo apenas o curso primário realizado com a professora Raquel.
Ela sempre foi grata aos professores e algumas pessoas de Caetité, que colaboraram com sua educação e instrução. Citava sempre os nomes de D. Manoel Raimundo de Melo (1º bispo de Caetité), Monsenhor Luís Bastos e Dr. Edgar Pitangueira; os professores Alfredo José da Silva, Antônio Meireles, Carmem Spínola Teixeira, Maria Constância Paranhos Cardoso, Dulce Silva Araújo, Aloísio Short, Beatriz Rodrigues Lima, Maria Lobão Neves, Maria Celina Rodrigues Lima, Helena Lima Santos e Belanisa Lima.
Exercer o magistério é como exercer um sacerdócio: requer muito sacrifício. Todavia, seu sacrifício não foi em vão. Por isso, várias homenagens foram prestadas a ela: nome de prédio escolar, nome de rua, poesias e até uma valsa dedicada pelo seu saudoso afilhado e ex-aluno, Lindouro Marques. Em 2003, os professores de Tanque Novo lhe renderam graças, através de uma missa solene, presidida pelo padre Edson, com direito à placa comemorativa, pela passagem dos setenta anos de magistério, contando com a presença de alguns alunos da primeira matrícula. E, no ano de 2005, no Dia do Professor, foi exibido um DVD sobre sua vida, produzido pela Secretaria Municipal de Educação de Tanque Novo.
A professora Raquel Pereira Carneiro faleceu no dia 24 de novembro de 2008, deixando uma grande lição de vida: humildade e amor ao próximo. Além disso, seu legado é muito rico em educação e cultura.
“A maior recompensa do Magistério não é o que pagam por ele; mas, aquilo em que ele transforma as pessoas”.
Postado por Filhos e netos de Raquel Pereira
Postado por Filhos e netos de Raquel Pereira
A história de Rachel é muito bonita. Uma sertaneja que desafiou o tempo e lutou pela educação ddos baianos. Parabés!
ResponderExcluirDário Teixeira Cotrim - Filho de Guanambi