terça-feira, 5 de maio de 2009

OCRIDALINA MADUREIRA

Autor: Everaldo Cerqueira

A Escola Estadual Ocridalina Madureira é um estabelecimento de ensino fundamental com 14 salas de aulas. Nela estão matriculados cerca de 1.400 alunos. Situa-se à rua Lopes Trovão, no bairro de Massaranduba, nas proximidades do bairro de Vila Rui Barbosa. O colégio fora fundado pela assistente social e professora Ocridalina Madureira. A comunidade de Massaranduba, reconhecendo o mérito da educadora, e desejando homenageá-la por seus feitos à causa da educação naquele local, com justa razão, colocou o seu nome no estabelecimento.

No final da década de 30, a jovem Ocridalina trabalhava como assistente social no SESI, no setor de serviços do antigo INPS. Como católica fervorosa, servia voluntariamente a um pequeno grupo de crianças carentes, na antiga igreja de São Jorge, pertencente à Companhia de Jesus - Ordem dos jesuítas - situada na rua Duarte da Costa, no Jardim Cruzeiro. Dia-a-dia, a procura de alunos carentes para fazer parte desse grupo era grande. Então, a jovem resolveu procurar um espaço maior para acomodar essas crianças.

No meado dos anos 40, a professora, imbuída pelo ideal de educar crianças carentes dos bairros de Massaranduba e de Jardim Cruzeiro, principalmente pela falta de escolas nesses locais, decidiu juntar-se a um grupo de pessoas da comunidade. Elas apossaram-se de uma área baldia, onde hoje se encontra a Escola Estadual Ocridalina Madureira. Era um local de maré vazante, de lama preta com cheiro de maresia. Verificava-se também a presença de caranguejos e de alguns crustáceos. Ao redor do terreno, inúmeras palafitas aumentavam de número dia-a-dia.

Nessa área baldia e lamacenta foi feita uma cerca contornando o terreno para que não fosse ocupada com moradia de invasores e, mais tarde, ficasse lotada. Como na comunidade não existia escola pública, a área foi entulhada pela comunidade e construiu-se no local um galpão de madeirite, onde a jovem educadora começou a ensinar as primeiras letras a um pequeno grupo de crianças carentes. Eram crianças desprovidas de escolas que deveria ser de responsabilidade das autoridades dos poderes públicos da capital baiana.

A Escola Ocridalina nasceu pobre, com paredes de madeirite, mobiliário de bancos rústicos e alguns caixotes que serviam de assentos para os alunos.

Essa escola foi fruto do amor de um sonho de uma jovem assistente social pelo ideal de educar. Sonhar é dar asas aos espíritos; é contemplar virtudes; é projetar realizações. Por isso que muitas vezes através dos sonhos nos tornamos criativos e realizados. E foi através desse sonho criativo que nasceu a Escola Ocridalina Madureira. Nos primeiros dias de funcionamento não tinha nome próprio - conhecida apenas na comunidade como "a banca da professora".

Era uma banca totalmente carente de instalações adequadas. No entanto, os alunos aprendiam com facilidades. Tratavam-se como irmãos e eram humildes. Esses alunos consideravam a jovem professora como sua mãe. Apesar de não haver conforto adequado nessa escola, os alunos sentiam-se alegres e felizes, porque fora uma escola construída com amor. Nela praticava-se o amor e eram ensinados os valores essenciais para a construção do caráter humano.

Nos primeiros meses, "a banca da professora" ganhara um nome indicado pela comunidade: Escola São Jorge, em homenagem às crianças da igreja São Jorge e ao padroeiro do bairro do Jardim Cruzeiro.

A pequena escola vivia superlotada de alunos. As pessoas da comunidade procuravam com insistência a escola para colocarem os seus filhos, um dos motivos era a fama do bom ensino e o outro era a carência de escolas na comunidade. Como as vagas na escola eram escassas devido a grande procura de alunos, a comunidade decidiu em mutirão aumentar a área do terreno entulhando com o objetivo de ampliar as instalações da escola.

Para que fosse ampliado as instalações da Escola São Jorge, o pároco jesuíta daquela época, responsável pelos trabalhos catequéticos dos dois bairros, em comissão com algumas pessoas da comunidade, resolveu solicitar ajuda ao governador da Bahia, Dr. Octávio Mangabeira. O governador recebeu o pároco em comissão e de imediato tomou as providências necessárias.

As instalações feitas pelo governo do estado foram suficientes para atender as duas comunidades e o estabelecimento ganhou uma nova denominação, passando a ser chamado de Escola Comunitária São Jorge. E a fundadora foi nomeada pelo governador para o cargo de diretora.

Na gestão do governador Octávio Mangabeira, a Escola Comunitária São Jorge passou a ser uma referência educacional de excelência do curso primário, nos bairros de Massaranduba e Vila Rui Barbosa (ou Jardim Cruzeiro).

No governo estadual de Antônio Carlos Magalhães, a pedido da comunidade, o patrimônio da escola passou para o domínio do Governo Estadual, passando a ser chamada Escola Estadual Ocridalina Madureira - conforme Portaria de Autorização 1873, publicada no Diário Oficial do Estado de 14 de maio de 74.

No final dos anos 90, foi implantado o ensino fundamental integral nos três turnos. Em 2004 deixou de funcionar as séries iniciais, por força da municipalização do Ensino Fundamental (Lei 9394/96).


EVERALDO CERQUEIRA

Publicado no Recanto das Letras em 26/04/2006

2 comentários:

  1. Olá Fernando
    Esta escola tem um significado muito especial na vida de muitas pessoas, principalmente na minha. Acho muito bom poder acessar a história da minha primeira escola e da minha querida diretora Ocridalina Madureira.
    Parabéns a você pela iniciativa e a Everaldo Cerqueira pela sensível escrita.

    Maria Cândida da C. Santos

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  2. eu adorei o ensino da escola..
    sem falar que os professores são maravilhosos...

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