sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

CARTA DE ANISIO TEIXEIRA PARA LOBATO


Rio de Janeiro, 5 de janeiro de 1931

Lobato

Passei o meu domingo ultimo lendo Alice no país das maravilhas. Esta esplendido de graça, de naturalidade, e de bem traduzido. Aquele tipo de imaginar a inglesa, ingênuo e lógico, o que da em brasileiro as vezes uma mistura ridícula, - você transpôs para o português sem perder nada daquela doçura da fonte que há na pequenina obra-prima. Pelas crianças e como uma delas, o meu muito obrigado. Você fez um presentão de Natal aos meninos do Brasil.
Andava sonhando em ver traduzido The jungle book. Um antigo colega meu – Afonso Várzea – filho de Virgilio – esta-se animando a esse trabalho. Trouxe-me, outro dia, o primeiro capitulo. Ignoro, porem, se você não o esta traduzindo, o que e um milhão de vezes melhor.
Mando-lhe – a titulo de amostra – o capitulo traduzido pelo Várzea. Julgue-o. E se não esta em suas cogitações traduzir essa obra, veja se a Editora Nacional e o bravo Otales desejam editar a tradução Várzea.
Recebi ontem as carta de 1º. Vejo como a sua atividade e realmente ampla, arejada e voltada para as cousas essenciais. Inteligência e a distinção entre o essencial e o secundário. Quando leio a sua carta, fico a imaginar se realmente o meu grande erro não esta em não saber fazer tal distinção.
Escolas – sem livros e sem riqueza!! Eu. Livros e riqueza – você.
Não há necessidade de comparar.
Leio agora que na Rússia os Soviets já atiraram sobre o solo russo 144 milhões de livros! Os alunos que eram em 1915, 1.230.000, foram em 31, 17.600.000! E nos a engatinharmos.
Adeus. Todo seu



Anísio

Conversa entre amigos
Correspondência escolhida entre Anísio Teixeira e Monteiro
Por: Aurélio Viana e Priscila Fraiz

Nenhum comentário:

Postar um comentário