quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A TRAJETÓRIA DE ANÍSIO TEIXEIRA

Anísio Spinola Teixeira nasceu na cidade de Caetité, alto do sertão da Bahia, em 12 de julho de 1900, filho de Deocleciano Pires Teixeira e Ana Spinola Teixeira. Homem de formação liberal republicana, o pai foi médico clínico, comerciante, fazendeiro e chefe político de largo prestígio.
Na infância de Anísio Teixeira a cidade de Caetité era centro comercial de larga importância. Alcançava do sertão baiano a Minas Gerais. Pelo que era, os padres da Companhia de Jesus ali fundaram o Instituto São Luis, no qual estudou o menino Anísio Teixeira. Nele, o reconheceram dotado de inteligência fora do comum. Vários professores o distinguiram, o que continuou sucedendo ao ser transferido para o também Colégio de Jesuítas Antonio Vieira, na cidade do Salvador. Acreditava então que seria padre inaciano. Antes porém, de uma última decisão foi concluir o curso superior na Faculdade Nacional de Direito, no Rio de Janeiro.
Em 1924, quando já diplomado, o recém eleito governador da Bahia Francisco Marques de Góes Calmon o convidou para o cargo de Inspetor Geral da Instrução, o que acentua o quanto se esperava daquele jovem sério, estudioso e de inteligência brilhante, admirado por professores, colegas e amigos.


Inspetor Geral da Instrução do estado da Bahia, Anísio Teixeira lutou o seu primeiro combate de educador ao se tornar o líder de uma reforma que estabeleceu o primeiro sistema educacional baiano, a reforma expressa na Lei 1846. Depois de promulgada, Anísio Teixeira, católico praticante, irmão mariano, viajou para a Europa em companhia do arcebispo Primaz do Brasil, D. Augusto, depois Cardeal da Silva, de quem foi amigo enquanto existiu. Mas a viagem que colocou novos questionamentos para a inteligência de Anísio Teixeira foi ao Estados Unidos em 1928, ano em que cumpriu um curso de pós-graduação, em nível de mestrado em Columbia University, new York. Aí tomou conhecimento das idéias educacionais do filósofo norte-americano John Dewey(foto). Ao voltar para a Bahia, reviu a sua própria reforma, examinando-as nas diretrizes que traçava e nos resultados obtidos. Havia então um novo governador na Bahia, Vital Soares. Era uma continuidade do anterior, em termos do esquema de forças, mas não o mesmo em todas as linhas da administração, uma dessas a de educação. Anísio Teixeira não continuou na Diretoria de Instrução. Era professor da escola Normal da Bahia quando foi convidado para diretor da Instrução Pública do Distrito Federal (1931), um desafio bastante maior que o de Bahia, ainda mais porque havia uma nova situação política e institucional no país, a que resultou da revolução de 1930.


A nova posição deu-lhe responsabilidades de projeção nacional. Diretos da Instrução Pública, pouco depois Secretário da Educação do Distrito Federal, Anísio Teixeira criou um programa de educação pública que ia do pré-escolar ao ensino superior. No Brasil sem Universidades, a surpreendente Universidade do Distrito Federal foi uma referência de inovação que logo incomodou os setores mais conservadores do país. Formou-se uma situação que incluiu ameaças de morte ao educador. Em dezembro de 1935 Anísio Teixeira exonerou-se e voltou para o alto sertão da Bahia, de onde saiu para uma experiência de empresário ao lado do irmão Jaime Teixeira. Ali o encontraram os que não tinham esquecido o Secretário de Educação do Distrito Federal e o convocaram para pensar a Educação do mundo após a 2ª Guerra Mundial.
Era consultor especial da UNESCO, órgão da Organização das Nações Unidas, quando dói convidado pelo recém eleito governador Otávio Mangabeira para ocupar a Secretaria de Educação e Saúde do Estado da Bahia. Aceitou e exerceu em busca de um sistema de educação que fosse democrático, eficiente e aberto a amplas camadas da população. Contribuiu para o projeto do capítulo da Educação na Constituição baiana de 1947. Concebeu uma administração educacional exercida por um Conselho de Educação composto de conselheiros eleitos. Combatida por deputados constituintes que se consideraram “radical”, foi substituída por um capítulo que manteve a fórmula do Conselho de Educação, mas reduziu as suas atribuições à condição normativa. É que ficou na Constituição Estadual de 1947.


É neste período na Bahia que concebeu o ousado sistema de Escolas Classe e Escolas Parque, conjunto harmônico da educação em tempo integral. Conseguiu fazer a primeira Escola Classe com a construção do Centro Educacional Carneiro Ribeiro. A primeira Escola Parque veio a ser construída anos depois, com a sua atuação como diretos do INEP, o mais importante órgão do Ministério da Educação.


Toda uma vida dedicada as educação mostra em Anísio Teixeira um administrador operativo. Exercendo administrações inovadoras, Anísio Teixeira elaborou o pensamento educacional que está nos seus livros: Educação para a democracia, Educação não é privilégio, Educação é um direito, Educação no Brasil, e em centenas de artigos, palestras, conferências e entrevistas em jornais e revistas.
Morreu em circunstâncias trágicas em 1971.

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