quarta-feira, 13 de maio de 2009

ROBERTO SANTOS


Autora: Mariluce Moura


O professor Roberto Figueira Santos, 78 anos, foi nas décadas de 1970 e 1980 um dos mais destacados políticos baianos, mesmo caminhando, de certa maneira, na contramão da corrente hegemônica do poder local, liderada pelo senador Antonio Carlos Magalhães. Governador do estado de 1975 a 1979, ele inclui em sua biografia política stricto sensu também um mandato de deputado federal (1996/1999), além dos cargos de presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq (1985/1986) e de ministro da Saúde (1986/1987), ambos exercidos durante o governo José Sarney, o primeiro do Brasil pós-ditadura militar. Tomado o termo política em sentido lato, essa biografia abarca numerosos outros cargos, a começar pelo de reitor da Universidade Federal da Bahia (UFBA), de 1967 a 1971. E inclina-se, sem sombra de dúvida, para os campos da educação superior e da ciência e tecnologia. Aliás, no momento ele é membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, com mandato até o próximo ano.


Pesquisador e docente da área médica em sua origem profissional, Roberto Santos é, em outras palavras, quando não ator nesta cena, pelo menos um observador privilegiado da política científica e tecnológica do país desde os longínquos anos 1950. E seu olhar para o país, crítico, animado por vívidas memórias, parte de uma área nem central nem a mais periférica na produção contemporânea de conhecimento científico nacional - a Bahia ocupa o nono lugar no ranking da produção brasileira por estado, empatada com o Ceará, segundo dados de 2004 do Institute for Scientific Information (ISI)/Web of Science, baseados na publicação de artigos científicos em periódicos indexados no período de 1998 a 2002. Filho do professor Edgard Rêgo dos Santos, o líder da organização da UFBA em 1946 e o grande responsável pela inclusão de unidades autônomas e prestigiadas de dança, de teatro e de música na estrutura da universidade, casado há 41 anos com Maria Amélia, pai de seis filhos e avô de seis netos.


Matéria publicada na Revista Pesquisa Fapesp nº 105
Publicado em 15/11/2004 - 02:00

sábado, 9 de maio de 2009

AMÉLIA RODRIGUES


Amélia Augusta do Sacramento Rodrigues foi, quando encarnada, notável poetisa, professora emérita, escritora consagrada, teatróloga, legítimo expoente cultural das Letras da Bahia. Nasceu na Fazenda Campos, Freguesia de Oliveira dos Campinhos, Município de Santo Amaro da Purificação, Estado da Bahia em 26 de maio de 1861.

Qualquer de seus conterrâneos, por mais jovem que seja, conhece a vida dessa extraordinária mulher e seu esforço a fim de atingir os seus ideais. Estudou com o cônego Alexandrino do Prado, em seguida foi aluna dos professores Antônio de Araújo Gomes de Sá e Manuel Rodrigues M. de Almeida. Sua vocação para o magistério era inata. A par disso, matriculou-se no colégio mantido pela professora Cândida Álvares dos Santos e começou a lecionar no Arraial da Lapa. Posteriormente lecionou em Santo Amaro da Purificação por oito anos consecutivos.

Em 1891, graças à sua capacidade para lecionar e ao seu amor à causa do ensino, foi transferida para Salvador e lotada na Escola Central do Bairro Santo Antônio. Um de seus alunos, adolescente ainda, em 1905, foi selecionado para lecionar inglês pelo sistema do filósofo Spencer. Amélia Rodrigues não só o ajudou a compreender o pensamento daquele filósofo, como complementou o seu aprendizado. Disse a ele: "O jovem precisa de educação moral, que é o princípio fundamental da disciplina social; sem apelar para o coração, educar é formar no homem as mais duradouras forças da ordem social."

O pensamento de Amélia Rodrigues se identifica com o pensamento de Fénelon, contido em "O Evangelho Segundo o Espiritismo": "Educar é formar homens de Bem, e não apenas instruí-los". Aposentada, não abdicou de seu ideal de ensinar. Retornou ao magistério de forma ainda mais marcante. Fundou o Instituto Maternal Maria Auxiliadora, que mais tarde transformou-se na "Ação dos Expostos." Dedicou-se ao jornalismo como colaboradora das publicações religiosas "O Mensageiro da Fé", "A Paladina" e "A Voz". Escreveu algumas peças teatrais, entre as quais "Fausta" e "A Natividade". É autora dos poemas "Religiosa Clarisse" e "Bem me queres". Produziu ainda obras didáticas, literatura infantil e romances. Desencarnou em Salvador em 22 de agosto de 1926.

No Plano Espiritual, continuou seu trabalho esclarecedor e educativo, baseado principalmente no Evangelho de Jesus, fonte inspiradora de suas obras quando encarnada. Encontrou na Espiritualidade - seara infinita da imortalidade - maior expansão para seu espírito sequioso de conhecimento e faminto de amor, dando vazão aos anseios mais nobres. Aprofundou-se na mensagem de Jesus e, na atualidade, participa da falange de Joanna de Ângelis, mentora de Divaldo Pereira Franco. Pela psicografia do abnegado medianeiro, vem trazendo páginas de beleza intraduzível, que abordam os mais variados assuntos sobre o Evangelho, seu tema predileto, de onde extrai lições edificantes para aqueles que estão cansados e sobrecarregados, necessitados de orientação e de consolo.

Fonte: Até o fim dos tempos, ed. Leal, 2000

terça-feira, 5 de maio de 2009

FRANCISCO DA CONCEIÇÃO MENEZES

Francisco da Conceição Menezes
“Dr. Cazuza”


Autor: Cid Teixeira

Nas décadas de 40 e 50, todos os dias úteis entre as dezessete e as dezenove horas, a secretaria do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia funcionava, além do seu expediente normal, como uma espécie de “club” no mais ortodoxo sentido inglês da palavra.

Profissionais de diversas áreas tinham, ali, o seu encontro diário. Mesmo aqueles mais opostos, e até adversários na vida pública, tinham, naquela sala, o terreno comum do endimento.

Conquanto o congraçamento fosse geral haviam, evidentemente, grupos mais ligados, por força de lembranças comuns. Espécies de “câmaras” do “plenário” maior.Neste último caso, estavam os antigos revisores da Imprensa Oficial do Estado. A vida os levara por diversos caminhos: Aloysio de Carvalho Filho era professor de Direito Penal; Jayme Junqueira Ayres, de direito civil; Francisco da Conceição Menezes, (Secretário do próprio Instituto Histórico) era professor de História; Tadeu Santos, jornalista como Arnaldo Alves. Eram os mais assíduos desse grupo. Eventualmente, apareciam Teodomiro Batista e Salvador Borges dos Reis.

A conversa da secretaria do Instituto Histórico resolvia todos os problemas do mundo. Da guerra na Europa ao dia-a-dia da cidade ou do trabalho de cada qual.O grupo que vinha da Imprensa Oficial não se poupava de lembrar os fatos que viveram em comum. Na verdade, todos se consideravam, de alguma sorte, vinculados pelo denominador como que era a lembrança do “Dr. Cazuza”, referência entre o respeito e o carinho com que identificavam a figura de José de Aguiar Costa Pinto, “diretor da casa” e que lá empregara a todos.

Francisco da Conceição Menezes, de origem muito modesta, começara na infância a aprender o ofício de funileiro. Daí, passou a aprendiz de tipógrafo e foi nesta condição que se meteu, ainda menor em uma greve com movimentos de rua reprimidos pela polícia, tendo, num desses choques, o comprometimento de um dos olhos, o que lhe deu, pela vida afora, um jeito muito peculiar de fitar as pessoas.

Foi, pois, já com algum “conhecimento de caixa” que passou a trabalhar na oficina da Imprensa Oficial. E, daí, já fazendo o curso de professor primário na Escola Normal, passou à revisão. Coube-lhe trabalhar na elaboração gráfica da edição anotada por Braz do Amaral do livro de Inácio Acioli e, também, da edição das “Notícias Soteropolitanas e Brasílicas” de Luiz dos Santos Vilhena. E, por muitas vezes afirmava ter sido ali, no contato com os textos que revia, a tomada de decisão de fazer do estudo e do ensino da História a sua opção profissional.

Memórias e comentários desfilavam: a continuidade administrativa de José Joaquim Seabra durante o quatriênio Antonio Moniz; a ascensão de Góes Calmon; a escolha de Vital Soares para a vice-presidência da República: os últimos dias da “república velha” com gente pretendendo publicar atos no Diário Oficial à revelia de uma autoridade vacante. Eram os antigos revisores do Diário Oficial que conferiam reminiscências e observações a propósito de uma casa de trabalho que jamais deixou de ser deles.


Salvador, agosto de 1985

Cid Teixeira

OCRIDALINA MADUREIRA

Autor: Everaldo Cerqueira

A Escola Estadual Ocridalina Madureira é um estabelecimento de ensino fundamental com 14 salas de aulas. Nela estão matriculados cerca de 1.400 alunos. Situa-se à rua Lopes Trovão, no bairro de Massaranduba, nas proximidades do bairro de Vila Rui Barbosa. O colégio fora fundado pela assistente social e professora Ocridalina Madureira. A comunidade de Massaranduba, reconhecendo o mérito da educadora, e desejando homenageá-la por seus feitos à causa da educação naquele local, com justa razão, colocou o seu nome no estabelecimento.

No final da década de 30, a jovem Ocridalina trabalhava como assistente social no SESI, no setor de serviços do antigo INPS. Como católica fervorosa, servia voluntariamente a um pequeno grupo de crianças carentes, na antiga igreja de São Jorge, pertencente à Companhia de Jesus - Ordem dos jesuítas - situada na rua Duarte da Costa, no Jardim Cruzeiro. Dia-a-dia, a procura de alunos carentes para fazer parte desse grupo era grande. Então, a jovem resolveu procurar um espaço maior para acomodar essas crianças.

No meado dos anos 40, a professora, imbuída pelo ideal de educar crianças carentes dos bairros de Massaranduba e de Jardim Cruzeiro, principalmente pela falta de escolas nesses locais, decidiu juntar-se a um grupo de pessoas da comunidade. Elas apossaram-se de uma área baldia, onde hoje se encontra a Escola Estadual Ocridalina Madureira. Era um local de maré vazante, de lama preta com cheiro de maresia. Verificava-se também a presença de caranguejos e de alguns crustáceos. Ao redor do terreno, inúmeras palafitas aumentavam de número dia-a-dia.

Nessa área baldia e lamacenta foi feita uma cerca contornando o terreno para que não fosse ocupada com moradia de invasores e, mais tarde, ficasse lotada. Como na comunidade não existia escola pública, a área foi entulhada pela comunidade e construiu-se no local um galpão de madeirite, onde a jovem educadora começou a ensinar as primeiras letras a um pequeno grupo de crianças carentes. Eram crianças desprovidas de escolas que deveria ser de responsabilidade das autoridades dos poderes públicos da capital baiana.

A Escola Ocridalina nasceu pobre, com paredes de madeirite, mobiliário de bancos rústicos e alguns caixotes que serviam de assentos para os alunos.

Essa escola foi fruto do amor de um sonho de uma jovem assistente social pelo ideal de educar. Sonhar é dar asas aos espíritos; é contemplar virtudes; é projetar realizações. Por isso que muitas vezes através dos sonhos nos tornamos criativos e realizados. E foi através desse sonho criativo que nasceu a Escola Ocridalina Madureira. Nos primeiros dias de funcionamento não tinha nome próprio - conhecida apenas na comunidade como "a banca da professora".

Era uma banca totalmente carente de instalações adequadas. No entanto, os alunos aprendiam com facilidades. Tratavam-se como irmãos e eram humildes. Esses alunos consideravam a jovem professora como sua mãe. Apesar de não haver conforto adequado nessa escola, os alunos sentiam-se alegres e felizes, porque fora uma escola construída com amor. Nela praticava-se o amor e eram ensinados os valores essenciais para a construção do caráter humano.

Nos primeiros meses, "a banca da professora" ganhara um nome indicado pela comunidade: Escola São Jorge, em homenagem às crianças da igreja São Jorge e ao padroeiro do bairro do Jardim Cruzeiro.

A pequena escola vivia superlotada de alunos. As pessoas da comunidade procuravam com insistência a escola para colocarem os seus filhos, um dos motivos era a fama do bom ensino e o outro era a carência de escolas na comunidade. Como as vagas na escola eram escassas devido a grande procura de alunos, a comunidade decidiu em mutirão aumentar a área do terreno entulhando com o objetivo de ampliar as instalações da escola.

Para que fosse ampliado as instalações da Escola São Jorge, o pároco jesuíta daquela época, responsável pelos trabalhos catequéticos dos dois bairros, em comissão com algumas pessoas da comunidade, resolveu solicitar ajuda ao governador da Bahia, Dr. Octávio Mangabeira. O governador recebeu o pároco em comissão e de imediato tomou as providências necessárias.

As instalações feitas pelo governo do estado foram suficientes para atender as duas comunidades e o estabelecimento ganhou uma nova denominação, passando a ser chamado de Escola Comunitária São Jorge. E a fundadora foi nomeada pelo governador para o cargo de diretora.

Na gestão do governador Octávio Mangabeira, a Escola Comunitária São Jorge passou a ser uma referência educacional de excelência do curso primário, nos bairros de Massaranduba e Vila Rui Barbosa (ou Jardim Cruzeiro).

No governo estadual de Antônio Carlos Magalhães, a pedido da comunidade, o patrimônio da escola passou para o domínio do Governo Estadual, passando a ser chamada Escola Estadual Ocridalina Madureira - conforme Portaria de Autorização 1873, publicada no Diário Oficial do Estado de 14 de maio de 74.

No final dos anos 90, foi implantado o ensino fundamental integral nos três turnos. Em 2004 deixou de funcionar as séries iniciais, por força da municipalização do Ensino Fundamental (Lei 9394/96).


EVERALDO CERQUEIRA

Publicado no Recanto das Letras em 26/04/2006

ANFRÍSIA SANTIAGO

Prédio da Escola Anfrisia Santiago

Autora: Consuelo Pondé de Sena

Não se pode escrever a história da educação na Bahia sem destacar,por irrecusável dever de justiça, o singular papel desempenhado por Anfrísia Santiago, personalidade marcante do ensino em nosso meio.
É, pois, com elevada honra que me desincubo da dignificante tarefade traçar-lhe o perfil, cumprindo-a em nome de tantos quantos se foram beneficiados por sua superior influência. Deponho em lugar de seus discípulos,dos que privaram da salutar convivência com aquela excepcional pedagoga baiana, dentre as quais, humildemente me incluo.

Anfrísia Augusta Santiago nasceu a 21 de setembro de 1894, à rua dos Marchantes nº 65, distrito de Santo Antônio, nesta capital. Profundamente piedosa, desde cedo revelou extraordinário pendor para a vida conventual,não lhe tendo sido possível, entretanto, ingressar na Ordem das Ursulinas, conforme sempre sonhara. É que tendo sua família sido desfalcada da presença paterna, assumiu a jovem Anfrísia o lugar de chefe de família, substituindoo Sr. Marciano Santiago. Coube-lhe, pois, a partir daquele momento,assistir à DD. genitora D. Amélia Rosa de Araújo Santiago e aos irmãos:Raimundo, Arlinda, Helenita e Rita Carmelita.

A condição de arrimo de família não lhe permitiu, portanto, consagrar-se a Deus através do exercício do magistério, no seio da comunidade Ursulina. Nem por isso, todavia, arrefeceu-lhe o fervor religioso, por quanto,no seu espírito se esculpira a fé que lhe iluminaria a límpida caminhada neste mundo. Possuidora de admirável capacidade de sacrifício e beneficiada do"capital coragem", o maior dote que possuía, no dizer de sua extremosa mãe, renunciou ao ambicionado projeto de vida para dedicar-se àqueles que lhe cumpria prover a subsistência e dirigir os passos.

A aluna brilhante, desde a aula primária, mais amplamente se lhe revelaram as qualidades intelectuais durante o período em que cursou a Escola Normal da Bahia, onde se diplomou, aos l6 anos de idade, no dia 30 dedezembro de 1910.
Cabia-lhe, assim, precocemente se iniciar na árdua missão de educadora, tarefa de que se desincubiu inicialmente no ensino particular, ao assumira função de adjunta da Escola Primária do Educandário Coração de Jesus,onde lecionou, apenas, de fevereiro a abril de 1911. É que, naquele ano,foi oficialmente nomeada professora interina do arraial de Santo Estêvão, naVila de São Francisco do Conde. Erradicada do ambiente familiar, seguiu para aquela localidade a fim de ali iniciar nobre apostolado educacional. Efetivada no magistério em 27 de maio de 1912, ainda se manteve no local até 1914.

Todavia, em face de sua designação para professora da Escola Municipaldo distrito da Vitória (1914-1915), teve que regressar a Salvador. É que no dia 7 de outubro de 1914, havia sido nomeada adjunta do mesmo estabelecimento, situado na rua do Rosário de João Pereira, à Avenida Setede Setembro, hoje simplesmente Rosário. Pouco tempo, entretanto, permaneceria a jovem mestra no exercício do referido cargo, extinto, em 1916, por decisão do Órgão Superior da Educação do Estado.Ao mesmo tempo, o Conselho Municipal do Salvador criou sessenta cadeiras populares no subúrbio. Na oportunidade, graças às providências adotadas pelo Presidente Consultivo, Dr. Alfredo de Campos França, foi Anfrísia Santiago indicada para reger a Escola Popular da Cruz do Pascoal, em Santo Antônio Além do Carmo, depois convertida na primeira Escola Municipal do tradicional distrito, onde lecionou de 1916 a 1925.

Ambicionando, no entanto, realizar plenamente o seu objetivo educacional e, ao mesmo tempo, imprimir a marca de inconfundível personalidadebaiana, pôde, afinal, em 1927, fundar o Colégio Na. Sra. Auxiliadora, a cuja frente esteve desde aquela data e até pouco tempo antes do seu desaparecimento,ocorrido no dia 27 de abril de 1970.Enfrentando, desassombradamente, as naturais preocupações que suscitam um empreendimento dessa natureza, impôs-se, com apenas 33 anos, perante a comunidade baiana, que acolheu com respeito e confiança, a iniciativa da conceituada Mestra.É de ressaltar que, sendo educadora nata, a Anfrísia Santiago impulsionava o vivo empenho de ministrar lições de moral, ética e civismo, pregações essas que sempre se sucediam após a oração matinal rezada, em conjunto, na roça da casa verde, ou no pátio ornado de lindas trepadeiras coloridas,onde se reuniam as séries do ginásio antes do início dos trabalhos escolares.
Era, pois, uma pedagoga preocupada com a transmissão de conhecimentos, com a comunicação de benefícios modelos de comportamento e corretas atitudes perante a vida.Anfrísia Santiago transmitia e ensinava, orientava e repassava, com lucidez e clarividência, aos seus discípulos, belas e construtivas noções acercadas normas de conduta e regras de bem viver. Parece-me que estou a escutá-la declinando o belo e educativo aforismo de Elizabeth Leseur: "Toda alma que se eleva, eleva o mundo".Por outro lado, além da atividade educativa, sobretudo exercida na condição de diretora do seu estabelecimento de ensino, foi D. Anfrísia uma intelectual de méritos incontestáveis. Dotada de rápido raciocínio, reconhecida erudição, excedia-se igualmente na lógica argumentação. Circunspecta e severa, competente e aplicada, rapidamente se impôs à admiração do povo de sua terra.Por todas essas razões, foi distinguida em algumas oportunidades educacionais. Assim, participou do Congresso Pedagógico de 1915, nesta capital.

Em 1933, tomou parte do 3o Congresso de Educação, ocorrido em São Paulo, sob o patrocínio da Associação Brasileira de Educação (CDE).Em 1934, também se fez presente ao 4o Congresso de Educação em Fortaleza-Ceará, em cuja oportunidade teve brilhante desempenho.Não lhe atraía o brilho do sucesso. Em lugar de pleitear posições, ou disputar encargos, preferia desempenhar sua função de educadora. É que privilegiava, antes de tudo, o seu Colégio, valorizava a sua profissão, preferindo sempre estar entre seus alunos e colaboradores.
Avessa à promoção, era extremamente discreta nas atitudes e no trajar-se. Sempre se apresentava elegantemente vestida desde as primeiras horas da manhã. Recordo-a nos seus impecáveis "tailleurs" de talhe perfeito e sóbrias cores, nos seus sapatos escarpins de salto médio e escuros nas finas meias de costura corretíssima, no apurado bom gosto, no uso de requintadas écharpes de seda pura que lhe ornavam o colo sempre oculto. Nunca a vi com os braços descobertos. Tinha-os sempre revestidos com bem montadas mangas compridas.Relembro-a, igualmente, no uso de accessórios de extremo bom gosto,requinte da mulher naturalmente elegante. Rosto lavado, total ausência de pintura facial, cabelos presos em coque, mãos longas, unhas bem tratadas e polidas, revestidas de esmalte incolor. Enfim, uma Senhora como poucas na Bahia, que sabia adequar ao tipo, à sua idade, e ao seu "status" de educadora , a vestimenta condizente com a sua personalidade.Se é certo que D. Anfrísia teve uma vida árdua e repassada de luta, obteve, no entanto, muitas vitórias profissionais.
Ao completar bodas de prata de magistério teve a grande alegria de diplomar a primeira turma de Professoras do Colégio Na. Sa. Auxiliadora, ocasião em que pronunciou delicado discurso de paraninfa.Penso ser indispensável mencionar, ainda, que sempre buscou imprimir originalidade nos uniformes usados por seus discípulos. Conhecida ficou na Bahia a graciosa farda denominada "zebrinha", constituída de um vestido tipo chemisier e chapeuzinho do mesmo tecido. Mais tarde, adotou para as séries do curso primário um vestido de anarruga com gola branca de fustão, diferenciando cada série pela cor predominante do tecido.Não se cingiu, porém, exclusividade ao papel de educadora a atuaçãode Anfrísia Santiago no seio da comunidade baiana. Assim, de 1940 a 1948, encontramo-la como membro da diretoria do Centro de Estudos Baianos, em cuja agremiação particular figurava como única representante do sexo feminino.

De sua autoria, é ainda, o primeiro trabalho divulgado na Série Centro de Estudos Baianos, o de nº 1, intitulado: Capelas Antigas da Bahia, 24 de abril 1951.Em 1947, havia assumido, após certa relutância, o Departamento de Educação do Estado da Bahia, em cuja função permaneceu de maio a setembro, em atendimento ao convite do então Governador da Bahia, Dr. Otávio Mangabeira, através da indicação do insigne educador baiano, Dr. AnísioSpínola Teixeira, seu fraternal amigo.
Pesquisadora pertinaz e paciente, passava longas horas nos arquivos baianos, especialmente consultando sobre as nossas igrejas e acerca da vida do notável poeta Castro Alves, a quem, além de admirar profundamente, era ligada por laços de parentesco, conforme revelava constantemente. Entre outros títulos que ornam o seu espírito operoso e dedicado, vale mencionar: membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, e do Instituto Genealógico da Bahia. Fundadora e ex-presidente da Federação das Bandeirantes, seção da Bahia, de cuja agremiação, pelos relevantes serviços prestados, recebeu a Estrela do Mérito das Bandeirantes do Brasil.A repercussão de sua importante obra educacional atravessou asfronteiras estaduais, sendo-lhe, em vista disso, outorgada, pela Prefeitura doDistrito Federal, a Medalha Anchieta.
Nesta capital, em 1960, recebeu distinguida homenagem da Inspetoriado Ensino Secundário de Salvador, então dirigida pelo Pe. Manuel Barbosa, tendo sido orador da solenidade, que a enobreceu com o título de Mestre do Ano, o Prof. Dr. Antônio Ernani de Assis Menezes.E D. Anfrísia, que jamais pleiteou honrarias, que recusou a honroso convite para compor o quadro docente da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Isaías Alves, ainda teve ornado o peito digno com a nobilitante honraria de Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito Educativo, que lhe foi conferida, a 27 de setembro de 1968, pelo Presidente da República, Gal.Arthur da Costa e Silva, de acordo com o decreto lei no 61.285, de 1o desetembro de 1967. Cumpria, assim, o Governo Federal um fundamental dever de justiça para com aquela que dedicara toda a sua existência à causa da educação.Oito anos antes, a 3 de dezembro de 1960, completou a inesquecível Mestra o seu jubileu de ouro, cercada pelo respeito dos seus conterrâneos e pelo carinho de tantos quantos lhe admiravam os incontestáveis méritos de inteligência e caráter.
Profundamente voltada para as coisas do espírito, católica convicta, entregou-se, igualmente, à obra social, amparando pobres e desvalidos, aos quais, na medida do possível, procurou oferecer conforto material e espiritual. Para tanto, decidiu fundar, com a inestimável colaboração de seus auxiliares diretos, amigos e discípulos, a cruzada social Auxílio Fraterno, no bairro de Brotas, incubida de prestar assistência médica, alimentar e religiosa a parte da população carente que, então, residia naquele trecho do populoso bairro. Hoje, na mesma área, entregue à Arquidiocese de São Salvador, eleva-se a Capela de Na. Sra. de Fátima.Em nossa opinião, pelo muito que nos foi dado acompanhar acerca de sua ação e de sua trajetória de vida, não foi a Bahia pródiga nas homenagens que deveriam ser tributadas à memória da incomparável mestra.
A nosso juízo, sua lembrança continua a reclamar as reverências que lhe foram insuficientemente tributadas pelos poderes públicos de nossa terra.Conforme assinalei alhures, não se queira argüir que o fato de ter seu nome incluído em três edições do "Who’s in Latin America" da Universidadede Stanford, Califórnia, nem a circunstância de haver pronunciado inúmerasconferências sobre vultos e fatos da História da Bahia e, ainda, ter realizadoprofundas pesquisas históricas em nossos arquivos dão a exata medidado seu valor como intelectual, das suas elevadas qualidades morais e da sua consagrada obra de educadora.Anfrísia Santiago era, com efeito, uma verdadeira pedagoga. Seus conhecimentos amplos variados e especializados, entusiasmavam a muitos dos seus discípulos que jamais lhe esqueceram os sábios ensinamentos.

Conhecedora perspicaz da vida de Castro Alves, empolgava-se no relato minucioso, preciso e apaixonado da vida do grande poeta romântico baiano, sobre cuja vida, como disse anteriormente, muito pesquisou nos arquivos de nossa cidade.Mas, no que ninguém a excedia, pela seriedade das considerações e profundeza de conhecimento, era naquela extraordinária capacidade de, educando,ministrar lições de civismo. De incutir no alunado as noções maisprofundas e o sentido mais puro da palavra liberdade. Diante de situações que julgava ferir o homem no que ele tem de mais íntimo e respeitável, a sua dignidade, D. Anfrísia pregava a altivez. Em certo instante da vida baiana, em que a sociedade preconceituosa, intencionalmente discriminava pessoas, por esse ou aquele motivo, coube a D. Anfrísia, do alto de sua respeitabilidade, apoiar os discriminados, dando-lhes inteiro apoio e irrestrita solidariedade.O falecimento da notável educadora, após doloroso sofrimento, proporcionou aos seus amigos e admiradores e satisfação de, embora tardiamente,vê-la agraciada com a medalha do Mérito Educacional da Bahia, na Classe Medalha de Prata, em atenção aos relevantes serviços prestados à educação, autorga conferida pelo Governador do Estado da Bahia, Prof. Luiz Viana Filho, na pessoa da Profa. Rita Carmelita Santiago, irmã da pranteada extinta, de acordo com o decreto s/n de 09.03.71, publicado no Diário Oficialde 10 de março do mesmo ano.Pena, entretanto, que a notável educadora pouco houvesse deixado escrito. Instruída, bem informada, imaginativa, pesquisadora consciente e apaixonada, muito poderia ter produzido no campo intelectual. Penso que lhe faltou tempo para ordenar e elaborar trabalhos resultantes de suas sondagens nos nossos arquivos.
A atividade educacional absorveria seu tempo, não lhe tendo permitido uma entrega maior do mister de escritora.Efetivamente, seu sacerdócio maior era a causa do ensino, seu testemunho de vida era a nobre condição de educadora, sua aspiração mais legítima, a orientação da juventude. Nesse sentido, cumpriu fielmente o papel a que se propôs - formar caracteres, forjar inteligências e, finalmente, ensinar aos seus educandos a amar a Deus e estremecer a Pátria.Se é certo que todo ser humano tem a ânsia da imortalidade e esta pode ser construída através da concretização de um ideal, D. Anfrísia Santiago é um nome imortal no campo da educação baiana e brasileira.”
Consuelo Pondé de Sena
Professora da Universidade Federal da Bahia
Presidente do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia
Publicado na Revista da FAEEBA, Salvador, no 6, jul./dez. 1996

MANOEL DE ALMEIDA CRUZ

Autor: Hamilton Vieira


O sociólogo e educador baiano, Manoel de Almeida Cruz foi pioneiro no Brasil a propor uma pedagogia interétnica voltada para o respeito às diversidades culturais existentes em todo país, no começo da década de 1970. A idéia do educador era acabar com as discriminações existentes sobre os descendentes de africanos no espaço das escolas, que contribuem para desenvolver no alunado negro sentimento de baixa-estima.


A observação foi feita pelo mestre em Educação, o catarinense, Ivan Costa Lima, na tarde de quinta-feira (14/9), durante a mesa Uma Proposta Pedagógica do Movimento Negro do Brasil: Pedagogia Interétnica - Uma Ação de Combate ao Racismo, no IV Congresso Brasileiro de Pesquisadores Negros (IV COPENE), que acontece até sábado (16/9) na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), em Salvador.


Ivan Lima ressaltou que a sua pesquisa é sobre ações na área da educação implementadas pelo Movimento Negro Brasileiro, entre os anos de 1970-80, quando não era muito amplo os debates sobre a problemática do negro nas escolas. A atuação de Manoel Almeida é exemplar para os educadores e educadoras que vêm na educação uma forma de combate ao racismo, pontuou o pesquisador.


Na sua conferência, o estudioso destacou que o trabalho de Manoel Cruz deveria ser mais divulgado pelo seu caráter pioneiro. Três décadas antes da implementação da Lei 10.639, o educador e sociólogo baiano já se preocupava em implementar nas escolas formas de combate o racismo, e isso é muito importante porque atesta a relevância do trabalho de Manoel, informou Ivan Lima.


Hamilton Vieira,ACS IV COPENESalvador, 15/9/06

BERNARDINO JOSÉ DE SOUZA


Grande cientista social


Autor: Gilfrancisco Santos

Professor de geografia, historiador e etnógrafo sergipano, Bernardino José de Souza (1884-1949), autor de muitas contribuições preciosas sobre a nossa terra e o nosso povo (Dicionário da terra e da Gente do Brasil; O Pau-Brasil na História Nacional; Ciclo do carro de bois no Brasil, dentre outros), continua ignorado por seus conterrâneos, apesar de ser referência importante no acervo bibliográfico em língua portuguesa. Em 1934, alcançara um merecido vôo para o Rio de Janeiro, onde assumiu alguns cargos públicos, como de Ministro do Tribunal de Contas da União. A obra de Bernardino de Souza, publicada em opúsculos e livros é constituída de discursos, proferidos em eventos memoráveis ou efemérides gloriosas, conferências, comunicações, memórias históricas, relatórios e artigos publicados nos jornais e revistas.


Nascido no Engenho Murta, Vila Cristina, hoje Cristinápolis, Sergipe, nos limites da Bahia, a 8 de fevereiro de 1884, Bernardino José de Souza, filho do coronel Otávio de Souza Leite, tipo representante da aristocracia rural do Império e Filomena Maciel de Faria, aprendeu às primeiras letras na fazenda com a professora Maria Sá Cristina de Gouvêa.


O jovem Bernardino chega a capital baiana juntamente com o pai, em 1897, aos doze anos, para interná-lo no Colégio Carneiro Ribeiro, situado no velho casarão da ladeira da Soledade, dirigido pelo grande filólogo. Feito os preparatórios matriculou-se em março de 1900, na Faculdade Livre de Direito da Bahia (hoje incorporada à Universidade Federal da Bahia), bacharelando-se a 6 de dezembro de 1904, sendo escolhido pelos colegas orador da turma de bacharelandos.


Após a sua formatura, casa-se em 8 de julho com d. Maria Olívia Carneiro de Souza, filha de Carneiro Ribeiro e logo se entrega ao magistério, sendo nomeado professor de matérias de sua predileção: Geografia (1905); História Universal e do Brasil em 1906, do conceituado Colégio carneiro Ribeiro. Nesse último ano foi convidado para reger uma das cadeiras do Instituto de Ciências e Letras.Inscreveu-se na Faculdade de Direito para concurso de lente substituto da 2ª seção e logrando aprovação, veio a ser nomeado pela congregação, por acesso, em 5 de abril de 1915, professor catedrático de Direito Internacional Público; Diplomacia e Direito Internacional Privado e Direito Público e Constitucional.


Em virtude da Lei orgânica do Ensino de 1911, passou a ser lente extraordinário da 1ª seção, compreendendo aquelas duas cadeiras e mais a de Enciclopédia Jurídica.
Como político, deputado estadual em duas legislaturas, a 8ª, de 1905 a 1906 e a 9ª, de 1907 a 1908. Na qualidade de professor do Educandário dos Perdões, Escola Normal, e equiparada em 1911, foi nomeado para lecionar Geografia e História. Bernardino de Souza ensinou em diversos estabelecimentos particulares de ensino. Foi Catedrático de História Universal no Ginásio da Bahia, do qual foi diretor em 1925.


Bernardino dirigiu a Faculdade de Direito da Bahia de 1929 a 1934, ano em que foi nomeado, por decreto de 9 de março, membro da Câmara de Reajustamento Econômico, no Rio de Janeiro, onde fixou residência. De 18 de fevereiro a 15 de agosto de 1931 foi secretário do Interior e Justiça, Instrução, Saúde e Assistência Pública, durante a interventoria de Artur Neiva (1880-1943).


Nomeado ministro do Tribunal de Contas da União, do qual foi presidente, nele permaneceu até falecer em 1949, na capital federal, vivendo seus últimos quinze anos.


Oriundo da aristocracia agrária, de família tradicionalmente ligada a terra, não perdeu nunca o seu sentido da vida rural, a paixão pelos seus encantos, que constituíram estímulo e inspiração de numerosos estudos seus. A terra e a gente do Brasil era sua paixão, aquilo que constituiu sua razão de ser. Severo e honesto em todas as suas atividades, conhecia profundamente tudo o que ensinava. Graças a Bernardino de Souza, os estudos brasileiros tiveram uma contribuição rara. Prático, era dotado de energia e vontade para execução dos seus ideais. Ou como bem definiu o educador baiano Anísio Teixeira (1900-1971):


"Bernardino José de Souza foi um homem bem representativo do nordeste, da zona semi-árida onde nasceu na fronteira entre Bahia e Sergipe. Não tinha aquela "maciez" dos baianos, ou dos nortistas "amaciados" pela Bahia, da observação penetrante de Gilberto Freyre. Bernardino, como Rodrigues Dória, foi um sergipano cheio de ímpetos, e de até violências, postos a serviço de grandes causas. Renovou, material e intelectualmente, duas instituições culturais de grande porte: a Faculdade de Direito (onde é atualmente a sede da Ordem dos Advogados, depois de ter sido o prédio ocupado pela Escola de Administração da UFBA e pelo Fórum Federal) e o Instituto Histórico da Bahia. Sozinho, construiu palácios para ambos, abrindo-lhes novos rumos".
Apaixonado, desde cedo, pela geografia, Bernardino José de Souza participou com brilho excepcional de todos os congressos nacionais da especialidade. Foi realmente, antes de tudo um geógrafo. Portanto, não foi somente um homem de idéias, mas, sobretudo de ideais.
No longo prefácio de 21 páginas, escritas por Teodoro Sampaio para o livro Por Mares e Terras (leituras geográficas), de 1913, o experiente geógrafo e historiador baiano comenta o seguinte: "As Leituras Geográficas do Dr. Bernardino de Souza, construídas por uma série de artigos, aparentemente desconexos, lançados nos moldes superiores da boa doutrina, da linguagem castigada e vibrante de juvenil entusiasmo e de patriotismo, vêm assim, atalho, agita questões que mais de perto se prendem ao desenvolvimento nacional, no que ele reclama do melhor conhecimento do nosso próprio território, pelo estudo mais acurado da Geografia Pátria, pelos problemas científicos de que cogitam, pelas sugestões de caráter político-administrativo que elas lembram, pela novidade de certas investigações que manifestam". E encerra à apresentação desta coletânea geográfica, de Bernardino de Souza dizendo que é "fruto de vocação e de entusiasmo de um cultor sincero da geografia, encontre no meio culto da nossa terra àquela boa acolhida a que faz jus toda a boa ação desinteressada e patriótica, qual a de estudar e divulgar a ciência, despertar energias e preparar o futuro, são os meus votos".


Morto em 11 de janeiro de 1949 no Rio de janeiro, o féretro saiu à tarde do dia seguinte de sua residência, à Rua Cândido Gaffrée, 196, para o Cemitério São João Batista. Bernardino de Souza deixou viúva, Maria Olívia Carneiro de Souza e os filhos Maria Berenice Carneiro de Souza (funcionária da ONU, nos Estados Unidos da América), Selene Maria de Souza Medeiros (poeta, casada com José Cruz Medeiros) e Sindoro Carneiro de Souza (engenheiro civil do Conselho de Águas e Energia Elétrica). O professor deixou ainda dez irmãos residentes entre os Estados da Bahia, Rio de Janeiro e Sergipe.


Obras-Primas (O pau-brasil na história nacional) - o pau-brasil, hoje árvore rara, era intensamente procurado nos tempos coloniais para a extração do corante vermelho brasilina, que, depois de extraído, oxida-se, dando a brasileina; usava-se esse corante para tingir tecidos e fabricar tinta de escrever. Hoje em dia, a madeira fornece é empregada apenas na fabricação de arcos para violino, motivo pelo qual é exportada, em pequena escala.


O livro é resultado da tese apresentada por incumbência do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro para o III Congresso de História Nacional (1938). Publicado no ano seguinte, a esse estudo valioso, específico, que abarca o problema em sua totalidade, foi acrescida de um capitulo do cientista Artur Neiva e de um parecer de Oliveira Viana. O historiador e professor Américo Jacobina Lacombe (1909-1993), diretor da coleção "Brasiliana", responsável pela edição do livro, disse que ele "representou para os estudiosos da primeira fase de nossa história econômica, sabem-no todos os estudiosos do país".


O Pau-Brasil na História Nacional é um admirável estudo de Geografia Humana, com toda a influência econômica e social do espécime da nossa flora que batizou o país. É um rigoroso trabalho de pesquisa, inficiente para modificar o conceito até então firmado, de que o ciclo econômico do pau-brasil esteve circunscrito ao século XVI. A documentação revelada demonstra que tal ciclo veio até o último quartel do século XIX. Na verdade o pau-brasil teve significado na história, refletindo-se em vários aspectos, pois fez muito mais do que contribuir para o nome do país.


(o ciclo do carro de bois no Brasil) - o carro de bois foi o primeiro veículo que rodou em terras brasileiras, introduzido pelos portugueses. Seu surgimento e seu emprego estiveram estreitamente ligados à indústria canavieira. Nos séculos XVII e XVIII, monopolizou quase todo o transporte por terra no Brasil. No século XIX, ainda era o principal veículo de transportes pesados por terra. Apesar do desenvolvimento dos transportes mecanizados e do surgimento e expansão das ferrovias, o carro de bois no século XX continuou largamente utilizado, sobretudo no interior.


O projeto para a realização desse livro exigiu de Bernardino todas as reservas de homem de ação e as qualidades do sociólogo, do historiador, do geógrafo, do folclorista. Foi a saudade do Engenho Murta que deu a Bernardino forças necessárias para elaboração do livro. Ciclo do carro de boi no Brasil é na verdade um reencontro com as coisas do seu passado. Disse Bernardino de Souza:
"Este livro foi elaborado com o pensamento nas duras e generosas lidas dos agricultores do Brasil, em cujas fileiras se inscrevem ao meu alcance, todos os meus antepassados. Por isso mesmo o esforço e consagro a todos os lavradores do país, ricos e pobres, proprietários e jornaleiros: quero apenas significar-lhes a veneração que tributo a quantos, poder a poder, desde os albores da Pátria, tem desbravado, semeado e regado de suor, permitindo-lhe o crescimento modesto e sóbrio, mas seguro e honesto, através de quatrocentos anos de jornada ao sol da civilização".
Sobre o livro afirma Anísio Teixeira em uma de suas abras: "apresenta muitos pontos de contato com as obras materiais que realizou. É uma pesquisa em profundidade, com material planejado e reunido pelo autor, material este que normalmente exigiria uma equipe distribuída pelos quatro cantos do país.


A indomável energia de Bernardino de Souza conseguiu emoldurar um vasto painel, cheio de variantes no tempo e no espaço, e transforma-lo em obra monumental de arte e de pensamento a um só tempo: inspiração para o artista e instrumento de trabalho para o cientista social".


Portanto, Ciclo do carro de bois no Brasil, escrito com o mais completo rigor científico, continua até hoje sendo o de maior utilidade para a compreensão da vida econômica do país em todos os tempos. Concluída a longa pesquisa, vieram às desilusões quanto à publicação imediata. Apesar de ter recorrido a várias editoras, instituições, órgãos de cultura, Bernardino de Souza não viu o seu maior projeto publicado.Idéias/ideais - Bernardino promoveu a construção, no bairro da Lapinha, de um pavilhão onde hoje se conserva ainda a figura lendária das páginas da Independência da Bahia (1823). Os carros alegóricos do caboclo e da cabocla são conduzidos pelo povo ao Campo Grande, em 2 de julho. Entre as grandes realizações do grande estudioso está à construção do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e da Faculdade de Direito da Bahia, que realizou com esforço inaudito, empreendendo-se excursões pelo interior da Bahia a fim de angariar donativos, fazendo conferências e promovendo espetáculos até vê-los instalados em prédios condignos.


Em virtude dos considerados ou relevantes serviços prestados à terra de Rui Barbosa (1849-1923), a congregação da Faculdade de Direito, por resolução de 27 de outubro de 1937, conferiu-lhe os títulos de Professor Emérito e Benemérito da Faculdade. Seus trabalhos refletem todo o gosto e o amor pela terra baiana, onde fez toda a sua formação intelectual. De modo que suas obras, revestidas de exaltação incontida, eram, ao mesmo tempo, de precisão heurística intocável.


Bernardino de Souza especializou-se em nomenclatura geográfica, produzindo várias monografias na matéria e, a final, um livro clássico: Onomástica geral da geografia brasileira (1927) e republicada em 1939 com o título de Dicionário da terra e da Gente do Brasil. O pesquisador sergipano foi sócio correspondente do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco; do Instituto Histórico de São Paulo; do Instituto de Minas Gerais e membro correspondente da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e outras sociedades nacionais e estrangeiras. Colaborou em vários periódicos baianos: Diário de Notícias; Jornal de Notícias; Via-Láctea; Revista da Academia de Letras da Bahia; Revista do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Revista da Faculdade de Direito da Bahia, Revista Bahiana de Doutrina, Jurisprudência, dentre outros.


Gilfrancisco Santos
Jornalista, pesquisador e professor membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.

ERNESTO CARNEIRO RIBEIRO


Nasceu na Ilha de Itaparica, na Baía de Todos os Santos , em 12 de setembro de 1839 — Salvador, Estado da Bahia, foi um médico, professor, lingüista e educador brasileiro, filólogo de mérito e educador de amplíssimos conhecimentos, cuidadoso na correção da linguagem, foi pioneiro no Brasil de uma gramática constituída em função da língua falada, afro-descendente, que passou à História sobretudo pela polêmica mantida com Ruy Barbosa, seu ex-aluno, acerca da revisão ortográfica do Código Civil Brasileiro.

Mudou-se para a Capital, onde realizou os estudos de humanidade, estudou no Liceu Provincial de Salvador onde aprendeu os primeiros fundamentos educacionais e na Faculdade de Medicina da Bahia, onde finalmente diplomou-se em 1854. Ainda como estudante dedica-se ao magistério, sobretudo no Ginásio Baiano, de Abílio César Borges - já consagrado educador. Em 1874 fundou o Colégio da Bahia, que durou até 1883. No ano seguinte fundou um colégio com seu nome ,Ginásio Carneiro Ribeiro, o qual dirigiu por 36 anos .

Participou, quando recém-proclamada a República, de uma comissão formada pelo governador Manuel Vitorino, destinada a elaborar um plano de ação educacional.
Era casado com Maria Francisca Ribeiro, com quem teve vários filhos, alguns dos quais seguiram-lhe a carreira como professores, com destaque para o quarto deles, Helvécio Carneiro Ribeiro.

Revisão do Código Civil

No ano de 1902 Carneiro Ribeiro foi incumbido, por J. J. Seabra, de realizar a revisão do Projeto de Código Civil, apresentado por Clóvis Beviláqua que pela primeira vez iria viger no Brasil - então regido por antigas e esparsas leis das Ordenações. Para tanto, foi-lhe dado o prazo de apenas quatro dias - que cumpriu, de forma lapidar.

Por razões políticas - Seabra era antigo desafeto e adversário político, na Bahia - Ruy Barbosa engendrou ali uma importante polêmica, que serviu para revelar o profundo conhecimento filológico de Carneiro Ribeiro, refutando as críticas do ex-aluno (vide a obra "A Redacção do Projecto do Codigo Civil e a Replica do Dr. Ruy Barbosa pelo Dr. Ernesto Carneiro Ribeiro - lente jubilado do governador da Bahia, Bahia, 1905, 899 páginas).
O estudioso expôs e defendeu a normatização de peculiaridades do idioma português, falado no Brasil - diferente das gramáticas então existentes - sendo neste particular o pioneiro no país. A publicação dos oito volumes do Projeto do Código Civil Brasileiro, do jurista e magistrado brasileiro Clóvis Beviláqua (1859-1944), publicado pela Imprensa Nacional (1902), deu origem aos seus famosos debates lingüísticos com o famoso político e jurisconsulto brasileiro Rui Barbosa (1849-1923), em cima do Parecer desse senador sobre a matéria. A Imprensa Nacional editou os oito volumes do Projeto de Clóvis Beviláqua, e, ao mesmo tempo, o Parecer do senador Rui Barbosa sobre a matéria. Envolvido a contragosto na apreciação do projeto, iniciou com Rui Barbosa, seu antigo aluno, a polêmica, destacando certos aspectos do português no Brasil que não eram percebidos pelos gramáticos, tornando-se no país o pioneiro de uma gramática constituída em função da língua falada. Sobre o assunto publicou A redação do projeto do código civil (1902) e A réplica do dr. Rui Barbosa (1905).

Dentre os alunos formados sob os auspícios do lente baiano destacam-se Ruy Barbosa, Euclides da Cunha, Rodrigues Lima e muitos outros que ocuparam posições de destaque na vida política e intelectual, no período que compreende o fim do Império ao início da República.
Sua principal obra - Serões Gramaticais - publicada inicialmente em 1890 e reeditada em 1915, constitui-se num "verdadeiro monumento da língua portuguesa" (no dizer de Antônio Loureiro de Souza, in "Bahianos Ilustres", Salvador, 1949).

Ernesto Carneiro Ribeiro faleceu em sua terra natal, em 13 de novembro (1920), com 81 anos.

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Ernesto_Carneiro_Ribeiro

LUÍS OLÍMPIO TELES DE MENEZES


Autor: Carlos Bernardo Loureiro

Luís Olímpio Teles de Menezes nasceu na cidade do Salvador, aos 26 de julho de 1825 e desencarnou, no Rio de Janeiro, pobre e esquecido, em 1893. Era filho do Capitão graduado Fernando Luís Teles de Menezes e D. Francisca Umbelina de Figueiredo Menezes, integrante da ilustre família dos Menezes, de velhos capitães, magistrados e clérigos portugueses, a qual desde os primórdios do século XVIII, deu entrada no Brasil. Estabilizou-se na Bahia, dando origem a extensa descendência.

Teles de Menezes casou-se, em primeira núpcias, aos 23 anos, com D. Ana Amélia Xavier de Menezes, da mesma idade. Nela, Teles de Menezes encontrou a esposa compreensiva e carinhosa de todos os instantes até a sua desencarnação em 28 de agosto de 1865. Foi pródiga a descendência desse primeiro matrimônio – entre filhos, netos, bisnetos e tetranetos, contando-se, ainda hoje, com alguns vivos.

Segundo o historiador Dr. Alexandre Passos, embora não seja possível determinar, de fato, a que ramo pertenceu Teles de Menezes, “não resta dúvida, a menor dúvida aliás, que os Menezes, salvo raras exceções, bons serviços prestaram ao Brasil Colônia e ao Brasil Reino”.

Ainda jovem, Teles de Menezes decidiu seguir a carreira do pai. Entrou para o curso de Artilharia em sua cidade natal, porém logo a abandonou por faltar-lhe a vocação. Dedicou-se, então, ao magistério. Participou, ardorosamente, da campanha contra o analfabetismo e ao incentivo da literatura entre os jovens baianos. O ensino das primeiras letras no Brasil decretado desde 1827, ainda não era bem aceito pelo povo, como não o era o próprio, deste sendo exigida muita renúncia e abnegação. Por vários anos, Teles de Menezes foi professor de instrução primária e de Latim. Apreciador do purismo gramatical, publicou um compêndio a que deu o título de “Ortoépia da Língua Portuguesa”.

Convivendo nos meio cultos, Teles de Menezes estabeleceu relações com ilustres educadores baianos, tendo diversos deles, mais tarde, colaborado na propaganda do Espiritismo. Entre estes últimos, podem ser citados os nomes de Zacarias Nunes da Silva Freire, José Francisco Lopes, Aureliano Henrique Tosta, Marciano Antônio da Silva Oliveira, Francisco Álvares dos Santos, Gervásio Juvêncio da Conceição e Antônio Gentil Ibirapitanga.

Na Biblioteca Pública da Bahia, fundada em 04 de maio de 1811, a primeira América do Sul, Teles de Menezes desempenhou as funções de “Oficial de Biblioteca”, cargo em que se aposentou, passando a receber magros proventos.

Teles de Menezes, patriota e monarquista, ingressou na Guarda Nacional, criada em 1831, “famosa naqueles tempos e que tão relevantes serviços prestou ao Segundo Império”, onde recebeu e desempenhou, condignamente, o posto de Capitão do Estado Maior do Comando Superior. Homens ilustres como o Visconde de Passé (Francisco Antônio da Rocha Pita e Argollo), Comendador da Ordem da Rosa, e Joaquim Batista Imburama, veterano da Independência, agraciado com a medalha da Campanha da Bahia, e, também, com a veneranda Ordem da Rosa, pertenceram aos seus quadros e apoiaram o movimento espírita na Bahia ao lado de Teles de Menezes que mais tarde foi reformado no posto de Tenente-Coronel.

O JORNALISTA

Teles de Menezes dedicou-se ao jornalismo. Escreveu em vários jornais e revistas da imprensa leiga da Cidade do Salvador. Dentre estes, em 1872, no “Diário da Bahia” (1856-1956) e no “Jornal da Bahia” (1853-1878) liberal o primeiro, conservador o segundo, e ainda, no “Interesse Público” (1860-1870), períodos considerados àquela época, os mais importantes da Bahia.

Ainda como jornalista, Teles de Menezes fez parte da redação da “A Época Literária”, sendo o seu principal redator. Nesta revista, publicou, ainda sem muita experiência e quando ainda não era espírita, nas páginas 24 e seguintes, em folhetins até o capítulo VIII, a novela “Os Dois Rivais”, em estilo ultra-romântico, considerada por David Salles uma das primeiras manifestações da ficção na Bahia, embora peque pela não citação do autor.

Publicada sobre os auspícios do poeta e estadista Domingos Borges de Barros, o célebre Visconde de Pedra Branca, pertencente ao Conselho de Sua Majestade, o Imperador, e um dos grandes protetores das letras pátrias, “A Época Literária” saía mensalmente, com 32 páginas, impressa a princípio, pela Tipografia de Carlos Poggetti e, pouco depois, pela Tipografia de Epifânio José Pedrosa. Era, então, uma das poucas folhas literárias existentes na Bahia. O analfabetismo reinante em nossa terra não permitia desenvolver, no espírito baiano, o gosto pelas letras pátrias.
Segundo o historiador Pedro Calmón, nos três tomos de “A Época Literária”, encontram-se colaboração dos “melhores espíritos da época”, como: Domingos Borges de Barros (seu diretor), José Martins Pereira de Alencastre, Pedro Antônio de Oliveira Botelho, Antonio Augusto de Mendonça, Laurindo Rabelo, Constantino do Amaral Tavares, Rodrigo Xavier de Figueiredo Ardignac, além do nosso confrade Luís Olímpio Teles de Menezes.


Teles de Menezes contava, nessa época, 24 anos de idade e ainda sem projeção nos meios literários e artísticos. Por isso seu nome não constou no frontispício da revista, uma vez que só nomes conhecidos facilitariam a divulgação da mesma. Todavia, o artigo de fundo do primeiro número de “A Época Literária” foi escrito por Teles de Menezes, sob as iniciais L.O.T.M., e se intitulava, simplesmente, “LEDE”.

Nesse artigo, Teles de Menezes inicia lembrando a evolução das nações como Grécia e Roma que galgaram o cume da magnificência para, depois, descambarem na decadência e na ruína. Partindo daí num arrebatamento patriótico próprio dos jovens, passa a analisar a evolução social brasileira, prosseguindo pelos séculos XVI a XIX, até “o brado heróico da liberdade” de 07 de setembro de 1822. Prosseguira Teles de Menezes enaltecendo o Brasil: “O colosso americano começou a caminhar a passos de gigante para o progresso e a civilização, e, consequentemente, muito avulta a sua literatura, por que é esta – o órgão do progresso e da civilização de um povo”.

Teles de Menezes vaticinava para o Brasil, num futuro não muito remoto, “o primeiro lugar na Escala das Nações”. Ele, realmente, confiava nos destinos e na grandiosa missão do Brasil.

TELES DE MENEZES CONTINUA A SUA EMPRESA

Ao iniciar-se o segundo período (2º semestre) de “A Época Literária”,, volta a inserir outro artigo editorial, datado de 25 de março de 1850, assinando, como no primeiro, com suas iniciais L.O.T.M., e tendo o mesmo título do anterior – “LEDE”, o qual é, aqui, transcrito “in-totum”:
“Se os nossos esforços, empregados no primeiro período, satisfizeram ao público sensato e justo avaliador, preenchendo os deveres da árdua tarefa que nos impusermos, é o que não podemos afirmar.
“Que não nos poupamos a dificuldade alguma, para com pontualidade desempenharmos o que prometemos, - embora não pudéssemos inteiramente tornar o nosso periódico tão interessante como desejávamos, é o que podemos assegurar aos nossos leitores.
“Se o público consciencioso continuar a acolhê-lo com aquela benignidade, com que o há feito, desculpando generosamente a nós, que inda agora estreamos a carreira das letras, então o nosso periódico, escudado – como se acha – por uma das notabilidades literárias da Bahia, irá, assim mesmo despido de todas as galas, modestamente sentar-se no meio das publicações deste gênero, que atualmente se fazem nos diversos pontos do Império Brasileiro.
“ Infelizmente na Bahia – e com profunda mágoa o dizemos! -, ainda um pouco atrasada em civilização (bem entendida), não podem tais empresas encontrar um pleno apoio, tão necessário para a sua animação, desenvolvimento e bom êxito.
“E ordinariamente eis o que sucede:
“Aqui, levantam-se cabeças orgulhosas de sua posição social, que com requintado desdém olham para a nova publicação.
“E por que assim o fazem?
“Porque ocupadas no cultivo da política, deslumbradas pelo futuro que elas lhes promete, anteolha-se-lhes árido e estéril o campo das letras, tanto mais quanto se julgam homens da primeira plana, e este autor não freqüenta a roda a que tanto se ufanam eles de pertencer.
“Ali, surgem outras, que, sem ao menos lerem a obra ou o jornal, previamente o condenam, porque – dizem – não gostam de ler escritos de autor desconhecido, que não tem fama, por isso que estão acostumados a aplaudir as obras, quaisquer que sejam, não pelo seu mérito, mas sim pela nomeada do indivíduo.
“Além, aparecem antagonistas que, ciosos (talvez) de não serem os pais da idéia novamente emitida, buscam com terrível egoísmo cavar a ruína da nascente empresa.
“ – Que devemos pensar de tudo isso?
“ – É questão a que nos forramos de responder, porque nela existe o cunho da ignorância e do amor – próprio mais degenerado.
“É portanto com todos estes obstáculos que o nosso periódico – que nos aprouve chamá-lo “A Época Literária” – tem lutado, e há-de relutar no ir por diante de sua existência; mas desprezando nós tudo quanto com seus envesgados olhos puder tramar a desprezível inveja, e confiando na benevolência do público sensato e justo, - diremos ainda uma vez, cheios de entusiasmo, com o Poeta brasileiro:
...Senhor, propício atende:
Nada por nós, por nossa Pátria tudo;
Fados brilhantes ao Brasil concede.
Bahia, 25 de março de 1850
(L.O.T.M.)”.

Em 29 de maio do mesmo ano, D. Romualdo Antônio de Seixas, Metropolitano e Primaz do Brasil, enviou longa missiva à redação de “A Época Literária”, elogiando o trabalho de seus dirigentes:

Em julho de 1850, três importantes personalidades da sociedade baiana passaram a integrar a equipe de redação de “A Época Literária”, Dr. Manoel Maria do Amaral Sobrinho, José Álvares do Amaral e Dr. Inácio José da Cunha. O primeiro pertencia a ilustre família de políticos baianos; os outros dois, como veremos posteriormente, tornaram-se, juntamente com Teles de Menezes, pioneiros do movimento espírita no Brasil.

Em 15 de janeiro de 1851, Teles de Menezes, em outro artigo de fundo, agradece o interesse dos leitores pela revista; mas apresenta, ao mesmo tempo a dura realidade que " A Época Literária” enfrentava: - dificuldades financeiras prementes. Solicita, então, ajuda dos assinantes amigos, entre os quais se incluíam pessoas de grande projeção na Sociedade baiana. Entretanto, seu apelo foi inútil; não obteve a resposta desejada. E a alma sensível do jovem Teles de Menezes, sofreu o rude golpe de ver “A Época Literária”, depois de pouco tempo, sair de circulação.

O CONSERVATÓRIO DRAMÁTICO DA BAHIA

A 15 de agosto de 1857, foi instalado o Conservatório Dramático da Bahia, pelo literato e dramaturgo Dr. Agrário de Souza Menezes. Seu corpo de sócios era limitado a cinqüenta, só sendo admitido os que “tivessem dado provas de inteligência cultivada e de gosto pela arte dramática”. Desse conservatório que, segundo Affonso Ruy em “História do Teatro na Bahia” (1959), “arregimentou o escol espiritual da Província, com os bons propósitos de incentivar e elevar as letras dramáticas e o nível moral da cena”, participaram além de Teles de Menezes, destacadas personalidades baianas como: Frei Carneiro da Cunha, Júlio Cesar Leal, Filgueiras Sobrinho, Amaral Tavares, Pinto Paca, Álvares da Silva, Castro Alves, Rui Barbosa, Belarmino Barreto, Guedes Cabral, Cunha Vale, Rodrigues da Costa e Paulino Gil.

A sua instalação, o Conservatório da Bahia, que funcionou num dos salões do extinto Teatro São João, compunha-se de 24 sócios.

Foi devido a sua sede de cultura e de conhecimento que Teles de Menezes veio a se interessar pelos fenômenos “inexplicáveis” que ocorriam em todos os continentes e que chamaram a atenção da humanidade. Durante toda a fase de implantação da Doutrina Espírita na França, por Allan Kardec, Teles de Menezes manteve relações de amizade com os espíritas franceses.

O intercâmbio de idéias e a correspondência epistolar mantidas entre os dois países facilitaram a chegada a terras baianas das tendências filosóficas e culturais que emergiam além-mar.

A febre do magnetismo e os fenômenos espíritas explodiam em toda parte e Teles de Menezes interessou-se, vivamente, por esses assuntos, da mesma forma quanto a Allan Kardec e aos trabalhos que este desenvolveu juntamente com os espíritos Codificadores e que culminaram com o lançamento do livro dos Espíritos em 1857.


Daí Teles de Menezes vir a tornar-se sócio honorário correspondente da Sociedade Magnética da Itália, filiando-se, “igualmente a várias entidades espíritas” e espiritualistas européias.

Dentre os distintos confrades com quem Teles de Menezes manteve correspondência, distinguem-se o professor Denizard Hippolyte Leon Rivail e seu secretário A. Deslien.

Em 1860, surgiram no Brasil as primeiras obras espíritas. Cinco anos depois, precisamente às 22,30 horas do dia 17 de setembro de 1865, realizou-se em Salvador, na Bahia, a primeira sessão espírita no Brasil, sob a direção do pioneiro Luís Olímpio Teles de Menezes. Ainda em 1865, o mesmo Teles de Menezes fundou, também na Bahia, o primeiro Centro Espírita brasileiro, o Grupo Familiar do Espiritismo.

Essa iniciativa provocou imediata reação da Igreja que encontrou, em Teles de Menezes, um adversário corajoso e honesto. No ao de 1866 foi feito o lançamento, na capital baiana, do opúsculo “O Espiritismo – Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita”, contendo páginas traduzida por Teles de Menezes da 13ª edição de “O Livro dos Espíritos”, além dum “Apêndice” de outro autor francês e do prefácio “Lede”, em que Teles de Menezes diz do seu júbilo “de ter sido o primeiro na Bahia que, fervorosamente, esposou a doutrina espírita”, afirmando, adiante, ser a sua província natal, “metrópole de todas quantas grandes idéias surgem no Brasil”, a escolhida por Deus para ser o centro donde as idéias espíritas se irradiariam por toda Nação.

O ECHO D’ALÉM-TÚMULO

Em 1869 (8 de março), Teles de Menezes reunia seus companheiros no “Grêmio de estudos Espiríticos da Bahia” e anunciou o aparecimento, para breve, do primeiro jornal espírita do Brasil: “O ECHO D’ALÉM-TÚMULO”, o que realmente ocorreu naquele mesmo ano, no mês de julho. Participaram da histórica assembléia de fundação do “Monitor do Espiritismo no Brasil” os seguintes idealistas: Prof. Aureliano Henrique Tosta, Dr. Joaquim Carneiro de Campos, Dr. Manuel Correia Garcia, Dr. Inácio José da Cunha; José Martins Pena e o Prof. José Francisco Lopes.


Com 56 páginas, in 8º, bimestral, circulava mão só na Bahia, mas em outras partes do território nacional, bem como em Londres, Lyon, Paris, Madrid, Barcelona, Sevilha, Nova Iorque, Bolonha e Catânia. Imprimia-o a Tipografia do “Diário da Bahia”. Este importante jornal, considerado por Aloísio Carvalho Filho (Lulu Parola) “semeador de princípios liberais, viveiro e pouso de brilhantes jornalistas, onde, por sua maior glória, se emplumaram Rui e Vitorino”, foi o primeiro órgão da imprensa brasileira a acolher em suas colunas artigos de caráter espírita escritos por Teles de Menezes.


E o “ECHO D’ALÉM-TÚMULO” nasce abolicionista, difundindo, em meio a efervescência política da época, os princípios imortais do Espiritismo, sustentados na máxima: igualdade, liberdade e fraternidade. Teles de Menezes deixava transparecer claramente, pelas páginas do jornal espírita que dirigia, sua filiação à obra emancipadora, dos grandes liberais baianos daquele tempo, tais como Souza Dantas, João Barbosa, Saraiva, Rui, César Zama, Castro Alves e Zacarias Nunes da Silva Freire.


O Professor Antônio Loureiro (de saudosíssima memória) incluiu no seu trabalho “APONTAMENTOS PARA A HISTÓRIA DA IMPRENSA NA BAHIA”, substancial registro sobre o “ECHO D’ALÉM-TÚMULO”, inscrevendo-o, sem nenhum favor, no contexto da história da nossa Imprensa tão rica de realização em prol dos fundamentais princípios que norteiam os notáveis pioneiros.

CONCLUSÃO

Por volta de 1876, Teles de Menezes partiu para o Rio de Janeiro onde fixou residência na Rua Barão de são Félix, 165 – Sobrado, onde viveu com a sua Segunda esposa, D. Elisa Pereira de Figueiredo Menezes e alguns filhos do primeiro matrimônio.

Aos 16 de março de 1893, após sofrer os embates de dolorosa e pertinaz enfermidade (nefrite), desencarnou o pioneiro da Imprensa Espírita no Brasil, aos 68 anos de idade. O féretro saiu de sua casa, para o cemitério de S. Francisco Xavier.

Teles de Menezes inscreve-se no contexto da Imprensa Espírita, e, historicamente, no da Imprensa Brasileira como um de seus mais lídimos exemplos de idealismo e honradez.

RACHEL PEREIRA DE ANDRADE

Uma História de Vida Dedicada á Educação

Rachel Pereira de Andrade nasceu na Fazenda Pintada, de José Antônio Tanajura, vizinha da Fazenda Cajueiro de Policarpo Ribeiro, no dia 30 de janeiro de 1917, depois se mudou para a Fazenda Vazante, de seu tio Ciro Pereira de Andrade, perto da vila Gentio, hoje Ceraíma, município de Guanambi-Bahia. Era filha de Renato Pereira de Andrade e Leonor Fagundes Cotrim. Seus avós paternos foram: Manoel Andrade (Rio Branco de Bom Jesus da Lapa) e Raquel Pereira (Guanambi); e seus avós maternos: Manoel Fagundes Cotrim (Caetité) e Serafina Pinheiro de Canguçu (Brumado).Teve três irmãos: Maria da Conceição Pereira, João Pereira Sobrinho e Geraldo Pereira de Andrade.

Aos quatro anos de idade foi adotada pela sua tia Silvéria Maria de Jesus Fagundes, passando a morar em Caetité.

Menina muito ativa, inteligente e esforçada, teve o privilégio de estudar na Escola Normal de Caetité, uma das melhores escolas da Bahia, naquela época. Um ano antes de se formar, nas férias de 1931, teve um estágio remunerado na comunidade de Juazeiro, município de Caetité, durante dois meses, ficando hospedada na residência do Senhor Antônio Tintino e Dona Teresa.Formou-se no dia sete de dezembro de 1932, com 16 anos incompletos, sendo nomeada pelo Estado, para trabalhar em Tanque Novo, um povoado que contava apenas 22 casas e uma capela.

Viajou em companhia de sua tia Silvéria e de dois guarda-fios de Caetité: Sr. Estêvão Lopes e Sr. Heteriano, conhecido como Neném Coqueiro. A viagem foi a cavalo e aconteceu no dia 22 de maio de1933. Chegando a Tanque Novo, teve uma bela recepção pelo Sr. Antônio Alves Carneiro (tio Tõe) e outras famílias, ficando hospedada, nos primeiro dias, na casa do Sr. Teotônio Marques da Silva. Foi bem tratada, inclusive, pelo professor leigo (leigo no bom sentido, porque não tinha formatura), o Sr. José Marques Carneiro (tio Cazuza) que por sinal era capacitado e muito inteligente.A primeira sala de aula foi cedida pelo Sr. Laudelino José da Silva (Dãozinho), conhecida como República dos Viajantes.

Logo de início, matriculou 30 alunos, na faixa etária de 7 a 16 anos. Devido à sua pouca idade, na hora do recreio tinha disposição para brincar com os meninos e com as meninas. Mas, quando necessário, sabia agir com rigor, punindo e até colocando de castigo aqueles mais rebeldes, demonstrando maturidade e coragem.

Com o passar do tempo, acumulava na mesma sala de aula, alunos do 1º ao 5º ano primário. Além das matérias básicas: Gramática, Aritmética, História, Geografia e Ciências, ensinava também, artesanato e bordado.Havia, nessa ocasião, visitas periódicas de inspetores escolares, que chegavam de repente, sem qualquer aviso prévio, para avaliação do ensino. Só que a professora não se preocupava, pois contava com excelentes alunos, aptos para responderem a quaisquer perguntas.

Raquel Pereira costumava passar férias ou feriados no povoado de Bonito (atual Igaporã), onde residiam vários parentes. Numa dessas viagens, mais precisamente no dia 7 de setembro de 1935, solicitou a seus primos Messias e Maria, um dos seus filhos para ir morar com ela e sua tia Silvéria. Justiniano Pereira de Sousa, que tinha apenas quatro anos de idade, foi quem se dispôs a ir morar com elas. No início, chamava sua prima de “Tia Quezinha”. Depois passou a chamá-la de Dindinha.

Justiniano foi criado e educado com muito amor e carinho pela professora Raquel e sua tia Silvéria.Alguns anos depois, em 1943, essa professora se casou com ARLINDO ALVES CARNEIRO e o seu nome passou a ser RAQUEL PEREIRA CARNEIRO.

Arlindo Alves Carneiro nasceu em 31 de julho de 1915, e era filho de Joaquim Alves Carneiro (Coronel) e Maria Francisca de Jesus Carneiro (Dona). Seus avós paternos eram: Juvêncio Alves Carneiro e Arlinda Gomes; e seus avós maternos, Prudenciano Alves Carneiro e Gertrudes Francisca de Jesus Marques. É bom destacar que seu avô paterno era irmão do seu avô materno. Juvêncio Alves Carneiro e Prudenciano Alves Carneiro foram os verdadeiros fundadores de Tanque Novo. Foram eles que compraram a fazenda “Furados”, sendo povoada e transformada em vila, pertencente a Macaúbas, depois distrito de Botuporã e, emancipada politicamente em 1985, permanecendo com o nome de Tanque Novo. Seu avô materno (Prudenciano) foi quem construiu a primeira capela, tendo como ajudante sua esposa Gertrudes. Esse casal, também, doou o terreno para a construção da primeira praça; conhecida, hoje, como Praça da Matriz.

Seu esposo Arlindo era agricultor e comerciante (farmacêutico prático), mas, sempre arrumava algum tempo para lhe dar uma “mãozinha” na escola, tomando a lição dos alunos de 1º ano. Essa tarefa, às vezes, era delegada aos alunos mais adiantados.

Desse casamento nasceram oito filhos, sendo seis vivos: Maria, Raquelinda, Arlindo, Edílson, Aparecido e Eloísa. E dois que faleceram com poucos meses de vida: Zélia e Joaquim.

Além de ser professora, ministrava catecismo, ensinava hinos religiosos à mocidade, e como membro atuante do Apostolado do Sagrado Coração de Jesus, acabou sendo secretária do mesmo, cujo presidente era o Sr. Arquimimo Alves Carneiro. Incentivava os festejos da padroeira Coração de Maria, apresentando peças teatrais (uma delas, a Cavalhada Mourama, cujo resumo foi extraído de um livro, em parceria com o Sr. Moisés Marques). Orientava, também, suas alunas, na coroação de Nossa Senhora. Foi ela, inclusive, quem trouxe o primeiro cântico para a coroação da imagem da padroeira, conseguindo a cópia do mesmo com suas primas de Bonito (Igaporã). Contribuía, assiduamente, com o leilão da primeira noite de novena, em louvor ao Coração de Maria.

Sabia também, costurar roupas, bordava enxovais de noivas, tocava bandolim e realizava outros trabalhos domésticos. Participou ativamente, dos primeiros progressos de Tanque Novo, como a criação do Posto de Correios e da feira livre, reivindicações suas, contando com a participação de outras pessoas, inclusive de seu marido Arlindo. Foi ele quem escolheu o dia da semana para a realização da feira: terça-feira, que vigora até hoje. Viu surgir, também, a primeira banda filarmônica, criada pelo seu sobrinho e ex- aluno, Osvaldo Marques da Silva (Vavá Marques), juntamente com outros sócios.

Foram 32 anos cansativos de magistério, porém, com saldo bastante positivo; através de sua formação básica, muitos puderam continuar seus estudos, tornando-se professores e doutores ou funcionários públicos concursados. Nota-se, entretanto, que alguns não puderam prosseguir estudando, mas, sobressaíram como comerciantes ou políticos, tendo apenas o curso primário realizado com a professora Raquel.

Ela sempre foi grata aos professores e algumas pessoas de Caetité, que colaboraram com sua educação e instrução. Citava sempre os nomes de D. Manoel Raimundo de Melo (1º bispo de Caetité), Monsenhor Luís Bastos e Dr. Edgar Pitangueira; os professores Alfredo José da Silva, Antônio Meireles, Carmem Spínola Teixeira, Maria Constância Paranhos Cardoso, Dulce Silva Araújo, Aloísio Short, Beatriz Rodrigues Lima, Maria Lobão Neves, Maria Celina Rodrigues Lima, Helena Lima Santos e Belanisa Lima.

Exercer o magistério é como exercer um sacerdócio: requer muito sacrifício. Todavia, seu sacrifício não foi em vão. Por isso, várias homenagens foram prestadas a ela: nome de prédio escolar, nome de rua, poesias e até uma valsa dedicada pelo seu saudoso afilhado e ex-aluno, Lindouro Marques. Em 2003, os professores de Tanque Novo lhe renderam graças, através de uma missa solene, presidida pelo padre Edson, com direito à placa comemorativa, pela passagem dos setenta anos de magistério, contando com a presença de alguns alunos da primeira matrícula. E, no ano de 2005, no Dia do Professor, foi exibido um DVD sobre sua vida, produzido pela Secretaria Municipal de Educação de Tanque Novo.

A professora Raquel Pereira Carneiro faleceu no dia 24 de novembro de 2008, deixando uma grande lição de vida: humildade e amor ao próximo. Além disso, seu legado é muito rico em educação e cultura.

“A maior recompensa do Magistério não é o que pagam por ele; mas, aquilo em que ele transforma as pessoas”.

Postado por Filhos e netos de Raquel Pereira

sexta-feira, 1 de maio de 2009

EDITH GAMA E ABREU

Edith Gama


Autora : Maria da Conceição Pinheiro Araújo


Edith Mendes da Gama e Abreu, nasce a 13 de outubro de 1903, natural de Feira de Santana, Bahia. Estudou com preceptores em sua própria casa, como era o costume daquela época entre as famílias abastadas. Estudou no Colégio Nossa Senhora de Lourdes, e na Escola Complementar da prof.a. Estefânia Mena em sua cidade natal. Em Salvador, cursa o pedagógico no Educandário dos Perdões, atual Educandário Sagrado Coração de Jesus. Especializou-se no Rio de Janeiro, na Bahia e na Europa, em filosofia, literatura geral, brasileira e francesa, ciências sociais e canto.


Edith Mendes era uma mulher que primava incansavelmente pelo aperfeiçoamento da educação. A cultura estava acima de qualquer outro objetivo. Era extremamente culta, tocava piano, cantava e falava fluentemente o francês. Viajava constantemente para o exterior, conheceu diversos países da Europa, onde fazia turismo cultural visitando as catedrais, museus, castelos, teatros, universidades, etc.

Como feminista, trabalhou intensamente em prol da emancipação da mulher e foi das que mais atuou na luta pelo sufrágio feminino no estado da Bahia. Foi presidente vitalícia do Órgão que dirigiu a luta sufragista das mulheres na Bahia, a Federação Baiana pelo Progresso Feminino, fundado a 9 de abril de 1931. Integrou-se e se entregou à causa feminista, ao lado de Bertha Lutz, tendo ilustrado sua atuação a luta contra as restrições ao voto feminino no anteprojeto do Código eleitoral, e contra o projeto de lei que vinculava o cargo público à mulher que tivesse, como o homem, a indispensável carteira de reservista.


Na carreira política foi candidata a deputada federal, em 1934, sob a legenda “A Bahia ainda é a Bahia”, obtendo mais de dez mil votos, ficando, entretanto, como suplente. Em 1946, como candidata a deputada estadual, lutou pela solução de problemas da saúde pública, da educação popular, da fome, bem como dos incentivos ao trabalhador, conforme plataforma sob o título “conterrâneos”.

Edith foi a mulher que ocupou o posto mais elevado no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, onde foi vice-presidente e oradora oficial, entre outras atribuições. Esteve na Presidência durante 9 meses de 31/03 a 31/12/1969, completando o mandato do seu antecessor o prof. Francisco Peixoto de Magalhães Neto, por ser a 1ª vice-presidente.

A intensa e produtiva atuação de Edith Mendes da Gama e Abreu nos âmbitos literário e político, levam-na a candidatar-se, a uma cadeira na Academia de Letras da Bahia. A acadêmica consegue sair-se vitoriosa derrotando seu concorrente Eduardo Tourinho. Recebida pelo acadêmico Carlos Ribeiro, toma posse na cadeira n. 37, em 9 de novembro de 1938, tornando-se a primeira mulher baiana a inserir seu nome entre os “imortais”, permanecendo naquela instituição até janeiro de 1982, ano de sua morte.


Edith escolheu a carreira profissional que mais se aproximou da atividade cultural — a educação. Exerceu durante muito tempo, e nela se aposentou, a função de Inspetora do Ensino Secundário do Ministério de Educação e Cultura, junto a diversos ginásios da capital. Foi como professora catedrática e fundadora da Faculdade de Filosofia da Bahia que ocupou sua posição mais significativa na carreira docente. Naquela instituição ocupou a cadeira de Didática Geral e Especial.


Educadora, escritora e feminista, natural de Feira de Santana (BA). Como sufragista, presidiu a Federação Baiana pelo Progresso Feminino. Publicou várias obras ingressando, em 1938, na Academia de Letras da Bahia e posteriormente no Instituto Histórico baiano. Na área assistencial presidiu a Sociedade Baiana de Combate a Lepra e a Pró-Mater. Como educadora ajudou a fundar a Faculdade de Filosofia da Bahia, onde também foi catedrática em 1942.



Edith faleceu no dia 20 de janeiro de 1982, às 11:30 em sua residência na Vitória
Edith Mendes da Gama e Abreu
(1903-1982)

DILZA ATTA

Autor: Edivaldo Boaventura

No momento em que a professora Dilza Maria Andrade Atta recebe o reconhecimento formal pelo seu trabalho docente, podemos melhor seguir a sua trajetória, pois o desenho do caminho só pode ser percebido depois de percorridas as etapas. Acrescenta Isaías: "é nos caminhos de outrora que seremos salvos".

Nessa caminhada, há momentos, instantes decisivos como os concursos, participações em conselhos e comissões, disciplinas ministradas, pesquisas realizadas, seqüências de colégios e escolas, de professores e mestres, alunos e colaboradores, verdadeiras balizas
fincadas ao longo da estrada percorrida. Assim, na vida docente da colega, acredito que existam dois períodos distintos, contíguos e cumulativos.

O primeiro da formatura em Línguas Neo-Latinas, em 1952, seguido do ensino no secundário até 1969; e o segundo, de 1970 a 1990, na Faculdade de Educação da UFBA, onde Dilza contribuiu com duas décadas de magistério.

Formação em Língua Vernácula e magistério secundário

Nascida em Itaquara, com quatro anos veio para Salvador, mais precisamente para Itapagipe. A Ribeira foi o seu espaço urbano por excelência. Estudou em escola multisseriada, concluiu o normal no Colégio Santa Bernadete e ensinou um ano como professora primária.

Nesse estabelecimento de ensino, onde hoje funciona o Colégio Costa e Silva, fator decisivo na sua formação foi o contato com o médico, professor e líder comunitário, Luiz Rogério de Souza. Por mais de; cinco anos sucessivamente com ele estudou Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, Ciências, Puericultura. Luiz Rogério foi o seu mestre e a
ele continuará ligada do Colégio Santa Bernadete ao Departamento da Faculdade de Educação e Conselho Estadual de Educação, de aluna a colega de magistério.

Formada no antigo esquema 3+1, três anos de disciplinas de conteúdo lingüístico e um de formação pedagógica, de 1949 a 1952, logo passou a ensinar Português. A descoberta mais significativa, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Bahia, foi a biblioteca.

Desde muito cedo, o presente predileto dos seus pais foram livros. O pai árabe, falando mais a sua língua materna do que o vernáculo, abriu a cabeça da filha para o mundo dos livros. É surpreendente como um imigrante que chega ao país precisando lutar pela sobrevivência e uma nascida na roça tenham tal atitude para com os livros! Por seu turno, a antiga Faculdade de Filosofia, na diversidade dos seus cursos e matérias, possibilitou o contato com outras áreas do conhecimento peia convivência com colegas de História, Geografia, Ciências Naturais e Jornalismo, curso novo que se iniciava.

Marcou definitivamente a vida da adolescente a Ação Católica, primeiramente, na Juventude Estudantil Católica e depois na Juventude Universitária Católica, a Juc. A formação na ação, segundo os pressupostos do método de ver, julgar e agir, criou sempre uma atitude realista ao abordar o conjunto das circunstâncias. Assinale-se a contribuição de um Gabriel Mareei, de um Emmanuel Mouniere outros autores franceses.O padre Lebret com os seus Princípios para a ação, afirmava:

É preciso abordar um problema pelo seu objeto, no sentido mais amplo da palavra:
'De que se trata?' Nada, a não ser a submissão ao objeto. Nada, a não ser a ambição do bem.

É fácil identificar na convivência com Dilza, principalmente no departamento, o proceder paulino de se apagar diante da obra que vai ser empreendida e que tem o bem como objetivo. O espírito de equipe e a inclinação para ouvir o grupo e com ele trabalhar, como no Núcleo de Supervisão, é bem característico do pessoal formado pela Ação Católica.

O trabalho docente mais importante da diplomada em línguas neo-latinas aconteceu no Instituto Normal da Bahia (Instituto Central de Educação Isaías Alves, ICEIA), no curso pedagógico noturno, ensinando a pessoas adultas que voltavam a estudar quase sempre mais velhas do que a jovem licenciada. Em 1955, realiza o concurso para o magistério secundário, permanecendo até 1968 quando é chamada para trabalhar na assessoria da Secretaria de Educação e Cultura. Alem do Instituto Normal, a antiga aluna fez do Colégio Santa Bernadete a sua tenda de inovações e experimentos. Ensinando e coordenando, é eleita supervisora pelos seus colegas. Eis o início da atividade de supervisão educacional. Confirmando Anísio Teixeira, quanto à natureza e função da administração escolar, "somente o educador ou o professor pode fazer administração escolar"; primeiramente, é preciso a experiência do professor na sala de aula. É oportuno ouvir o grande Anísio:

Há no ensino, na função de ensinar, em gérmen, sempre ação administrativa. Seja a lição, seja a classe envolve administração, ou seja plano, organização, execução, obediente a meios e técnicas(...) Deste modo, a carreira de educador compreenderá na base o professor, que ao longo do seu ministério, poderá especializar-se em supervisor, ou professor de professores, em conselheiro ou orientador, ou guia dos alunos, ou em administrador escolar. O professor continua toda a vida professor, ou opta por uma das três especializações, em que se divide seu mister de educar.

No caso de Dilza, do ato de ensinar continuamente refletido, surgiu a supervisora. A Faculdade de Educação, ao ser instituída, irá colher e desenvolver esta experiência docente como veremos adiante.

Como sucede com os bons e experimentados professores da Secretaria Estadual de Educação - a maior e a melhor constelação de recursos humanos que possuímos, com a qual sou sentimentalmente comprometido - Dilza, com mais de década e meia de trabalho na sala de aula fazendo, democraticamente, coordenação pedagógica, vai servir na Secretaria por volta de 1968, alargando sistemicamente a sua experiência vivida até então no Colégio Santa Bernadete e no ICEIA. Dentre muitas outras atribuições, representa a Secretaria em sucessivas reuniões com o pessoal da Universidade Federal da Bahia, pois, tanto o reitor Roberto Santos como os secretários de Educação da época, Luiz Navarro de Brítto e nós estávamos interessados no entrosamento entre ensino médio e superior, revisão do vestibular seletivo pelo classificatório, unificado ou único.

A professora Leda Jesuino dos Santos, coordenadora da implantação da Faculdade de Educação, a nossa Faced, convida Dilza para integrar o quadro de professores. Em 1970, começa a participar do grupo constituinte, conforme ofício de 15 de janeiro do reitor. Lembremo-nos, perfeitamente, de uma reunião onde discutíamos a terminologia coordenação ou supervisão? Assim, quando vem para a nova unidade acadêmica, Dilza traz uma prática docente altamente refletida sobre a sua experiência pessoal e docente tanto em estabelecimentos de ensino secundário como no órgão cabeça do sistema estadual de educação. Destaque especial merece ser dado à sua atividade de coordenadora pedagógica, o outro nome da supervisão, que nascia juntamente com os estudos de currículo na Secretaria de Educação.

Na Faculdade de Educação da UFBA

Acredito que é chegado o momento de começar a falar no segundo período do singular desempenho acadêmico da colega homenageada, que terá lugar na nossa Faced, espaço privilegiado para se desenvolver plenamente não somente na Supervisão, mas sobretudo
como educadora.

O final da década de sessenta, especialmente 1968, é o ano da grande revolta dos jovens. A reforma desestrutura a Universidade formada por ordem de faculdades e organiza uma corporação mais integrada.

Fomos alunos de uma universidade fechada em faculdades e fomos ser professores em uma universidade mais sistemicamente coordenada com conselhos, departamentos, núcleos de ensino e pesquisa e novos serviços. É nesse contexto de mudança que se implanta a Faculdade de Educação, unidade académica nova, tentada na Universidade do Distrito Federal e retomada na Universidade de Brasília por Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira.

Na Universidade Federal da Bahia, a Faculdade de Educação nascia de várias segmentos: primeiramente, do Departamento de Pedagogia, trazendo dentre outros os professores António Pithon Pinto e Haidé Correia da Silva, Jandira Simões, Alice Costa, Raimundo Matta; segundo, do Centro de Ensino de Ciências da Bahia, o Ceciba, com Luiz Felippe Perret Serpa, Hermes Teixeira de Melo; terceiro, do grupo de Linguística Aplicada ao Ensino de Português, tendo à frente Joseiice Macedo de Barreiro; quarto, o Colégio de Aplicação com Zilma Parente de Barros; quinto, destaquem-se os professores das licenciaturas, como Mariaugusta Rosa Rocha, Juscelino Barreto Santos, Maria Angélica Mattos e Silvestre Ramos Teixeira, que realizou também o seu concurso para a nova Faculdade; sexto, professores de outras unidades, como Luiz Rogério de Souza, Tobias Neto e nós, viemos integrar o corpo docente. A nova unidade acadêmica exige outras habilitações. Dessa maneira, o trabalho de Dilza já conhecido pelo que realizara no Colégio Santa Bernadete e na própria Secretaria chamava a atenção de todos.

O currículo de Pedagogia, estabelecido pelo Conselho Federal de Educação em 1969, institui as habilitações de Supervisão, Orientação, Administração, Ensino Normal, Inspeção e outras. Como primeiro coordenador do Curso de Pedagogia, trabalhei com o grupo inicial. A liderança de Dilza achará amplo campo de atuação e reflexão na montagem da matéria Supervisão. Era, então, o nosso pequeno e íntimo Departamento II - Planejamento e Administração Educacional com os companheiros José Tobias Neto, Luiz Rogério, Maria Anália Costa Moura, Mary Woortmann, Ziima Parente de Barros, António Pithon Pinto, Haiclé Correia da Silva, Nilza Maria Souza Santos. Logo depois se fundiria como Departamento I, istoé, dos professores de Psicologia, Alice Costa, Raimundo Matta, Jandira Ribeiro, de Filosofia da Educação, Romélio Aquino, de História da Educação, Jandira Simões.

Supervisão Educacional em um contexto de mudança

Em 1972, realiza o concurso inicial para a carreira docente com a tese A Supervisão Educacional em um contexto de mudança. Uma dissertação que resultava de anos e anos de experiência e conhecimento em educação. Senti de perto porque fui um dos examinadores.

De auxiliar de ensino contratada passa a assistente e adjunto. Em 1975, Jandira Simões e Dilza reuniram as suas duas teses de concurso e publicaram o tão consultado e útil volume Supervisão Educacional Salvador: Gráfica Editora Arco íris, ambas integravam o Núcleo de Supervisão da Faced. A sinopse descreve:

A educação em um contexto de mudança, dentre cujas variáveis a explosão demográfica é especialmente analisada. Reflexão sobre o papel do supervisor no sistema de educação como facilitador do aperfeiçoamento de pessaol e, por isso, agente multiplicador de recursos humanos na área docente (...)

Antes do Núcleo, começou o trabalho de supervisão com os alunos no Centro Pedagógico da Faculdade, que era muito atuante em vista do fechamento dos diretórios. Recorda que recebeu quatro monitores: Magali Figueiredo, Adélia Portela, Sônia Bamberg e Raimundo Luís Lopes de Oliveira com a instalação da Faced, no Canela, expandem-se os Núcleos de Supervisão e Orientação. Entende que a supervisão é, em síntese, uma expressão da qualidade do ensino, qualidade que se define pela necessidade de quem está recebendo educação. Quanto mais próximo do aluno o professor poderá mediar a sua aprendizagem. A sustentação teórica do seu trabalho encontra-se nos filósofos cristãos como Gabriel Mareei. Estuda Piaget ainda no Santa Bernadete, contudo estuda depois autores que explanam o pensamento piageteano. Quando fazia o concurso, descobre Karl Rogers e a não diretividade que exige, muitas vezes, que alguma coisa seja realizada. A presença de Dilza está intimamente ligada ao Núcleo de Supervisão. Com efetiva liderança monta-o e o expande, inicialmente com Jandira Simões, depois agrega Nilza Maria Souza Santos, Marilene Santil, Iracy Alves, Maria das Graças, Regina Antoniazzí. Colegas como Odile Angelim Lima, Haidé Correia da Silva, Coriolinda Carvalho (Babynha) sempre estiveram ligadas ao Núcleo. Dilza manifesta sempre um comportamento que prefere agir em comum com colegas. O Núcleo estabeleceu uma relação com a comunidade e a Secretaria Estadual de Educação. Identifico no seu trabalho de grupo uma mentalidade formada na Ação Católica. Liderança forte, que sabe ouvir, induzir, sugerir, mas não gosta dos cargos
gerenciais. Diria que o palco não conta para ela, prefere os bastidores, o interior oculto e construtivo das tendas de trabalho. Confessa que o cargo administrativo é uma violência ao seu modo de agir.

Durante todo o tempo na Faced exerceu tão somente a vice-diretoria da Faculdade na gestão de Jandira Simões. Gestão fecunda pelos encontros apoiados pela Organização dos Estados Americanos (OEA). CREFAL e Faculdade realizaram um seminário sobre educação de adultos, durante 15 dias com a participação de especialistas da Nicarágua, México, Chile, Colômbia. E com os recursos da OEA foram publicados os livros da Coleção Cidadania, editados por José Arapiraca.

Ao final da gestão, recordamos que escolhido para coordenar o projeto de Doutorado em Educação, consultei diretora e vice, tendo recebido todo o apoio e assim prosseguimos nos entendimentos.

Uma palavra sobre a sua produção acadêmica que consta de trabalhos não somente sobre supervisão, como acerca de observações sobre os municípios de Jeremoabo, "A Roda de São Gonçalo na região do Médio São Francisco", estudos sobre o professor único na zona rural, classe multisseriada, órgão municipal de educação, diversos pareceres do Conselho Estadual de Educação e trabalhos com Adélia Portella sobre pesquisa (Publicações em anexo).

Uma vez jubilada não ficou nos aposentos. Preparada com experiência em educação e manejo da língua portuguesa, trabalhou nas cooperativas de educação, na FUNDESP, em habilitações de segundo grau específicas para o serviço público, na revisão de teses, dissertações e livros, realiza pesquisa sobre o trabalho desenvolvido em sala de aula, no Instituto Anísio Teixeira.

Senhor Reitor, meus caros colegas, alunos, amigos e servidores. São três propostas de professores eméritos que se vão efetivando, coincidentemente: Dilza, pelo Departamento I e Leda Jesuíno dos Santos pelo Departamento II, já receberam o título. Falta Alcyr Ferraro, criador dos cursos de Educação Física da UFBA e da Universidade Católica, expressão inquestionável da sua disciplina como demonstrou em suas memórias ao integrar estas palavras na festa do reconhecimento de um trabalho acadêmico refletido, pensado e experimentado, como é o da nossa homenageada, gostaria de acrescentar que propus ao nosso Departamento o título de professor emérito para Dilza por ela representar
o tipo de professor que constrói, eleva e revela a Faculdade à comunidade.

E mais ainda pela efetiva liderança na implantação da Supervisão Educacional, na Faculdade de Educação da UFBA.